segunda-feira, 29 de agosto de 2022

O jogo do gato e do rato

Um rato passeia descaradamente, em plena luz do dia, pela valeta da rua. Ao que isto chegou, por onde andam os gatos de agora, esses que miam, gemem, berram desalmadamente durante as noites? 

Mas eis que, a uns cinquenta metros, parece ter sido detectado pelo gato da vizinha. Como quem não quer a coisa, vai-se aproximando lentamente. O rato imobiliza-se.

Ah, ainda há gatos como os de antigamente, que, mesmo gordos da comida gourmet, amolecidos por fofos sofás, mais propensos a carícias do que a brigas com os compadres, não resistem ao ancestral apelo da caçada!

Ei-lo, foto 1,




que se aproxima da distância do salto sobre a presa, estuda o ângulo, calcula os efeitos do impacto, escolhe o golpe que atordoará a vítima, que depois levará triunfalmente para casa, e com que brincará até que morra das sevícias, abandonando-a depois sobre o tapete da entrada como presente para a dona…

Desencadeia o ataque (foto 2).


O rato está perdido. Mas — ó surpresa!— ai estes gatos de agora, capados, amolecidos pela boa vida, instintos embotados pelas mordomias da boa vida! Não desfere o golpe incapacitante e deixa o rato afastar-se tranquilamente para o refúgio das pedras e das ervas!

Este mundo está perdido!

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