sábado, 8 de julho de 2023

Pêlo na venta e sandes de presunto

A empregada do café tinha pêlo na venta. Era sobretudo com os proprietários de segunda geração, da idade dela, que espingardeava:

Hás-de arrumar essas garrafas de gás vazias… mandava o genro dos “donos velhos”.

Arruma-as tu, que tens bom corpo para isso! E bem folgado!

O patrãozinho fervia de raiva, ralhava.

E ela: Olha lá, porque é que me não despedes? Fico em casa a receber o subsídio de desemprego, e não tenho de te aturar!

Entrei com um amigo para almoço frugal, de trabalho no campo: Duas sandes de presunto  e duas cervejas, faz favor.

Abanou a cabeça: Comam de queijo.

Está bem, anui..

Mas o meu amigo é casmurro: Mas tem ali presunto, porque é que tem de ser queijo?

Interrompi-o: Não teimes, comemos sandes de queijo, depois explico-te.

Não se calou às primeiras. Comidas as sandes, bebidas as cervejas e o café, já fora, voltei à carga: Ó meu sacana, não percebeste que o presunto deve estar estragado?

Ah, era isso? Porque é que ela não disse?

Com a patroa ao lado e o café cheio?

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