terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Custos repartidos

O velhote pedia ao bombeiro -- Precisava que vocês me viessem cortar a nogueira...
-- Isso arranja-se...
-- Mas olha que as nozes são para os meus netos! E a lenha fica para a minha família... Mas deixa lá, e sorriu malandro, o trabalho fica para os pretos!
O bombeiro mudou de cor. Ao chico-esperto só conseguiu responder: -- Bom, mas há custos...
-- Custos? Que custos? Vocês têm as escadas, as serras...
E o bombeiro, a desviar a conversa: -- Porque é que vossemecê quer cortar a árvore?
-- Toda as manhãs, quando abro a porta da cozinha, vejo-a à frente!
-- Sorte a sua, eu, de manhã, quando abro a porta da cozinha, vejo logo a minha sogra...
-- Bom, mas cortam a nogueira, não é?
-- Já lhe disse, há custos... Tem de falar com o comandante.
-- Assim, corto-a eu! E não tenho custos.
Pois teve, mas os custos foram repartidos: ao avarento, a proeza custou a vida; aos bombeiros, retirar-lhe o corpo, caído na estrada.

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