Num universo saído do Nada — talvez um entre miríades a brotarem constantemente como bolhas de metano em pântano — hoje com mais de cem biliões de galáxias, cada uma com com mais de cem biliões de estrelas, uma infinidade de planetas, nascemos nós, condenados a regressar depressa a esse Nada, como luz que apaga e nada deixa atrás de si, nem sequer simples fotões a viajarem infinitamente no tempo e no espaço...
Comecemos pelo óbvio.
Não tivesse eu nascido e nada sofreria. Não me atormentariam os mistérios do Universo, nem me incomodariam os sofrimentos da Humanidade, nem o seu destino inexorável, nem recearia o vazio que é a morte, essa eternidade sem tempo, sem ontem, nem hoje, nem amanhã, sem causas e sem efeitos, sem conhecimento, nem sofrimento, nem prazer.
Ou tivesse eu morrido na infância, como esteve para suceder vezes sem conta, antes de ter consciência de que estava vivo. Hoje, nem uma memória seria, falecidos todos aqueles que me me podiam recordar com pálida tristeza.
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