Só uma vez almocei num restaurante chinês. (Que falta de cultura!)
Foi em finais do século passado, quando estavam na moda, mas não foi o exotismo que lá me levou, menos a esperança de comida a meu gosto.
Fui com os meus amigos de karaté de Lisboa, após um treino. Pela companhia, e não pela comida.
Vem a empregada chinesa, moça simpática e bem-falante, deixa-nos a ementa que olho como cabra para edital, incapaz de adivinhar o que se escondia por detrás daqueles nomes exóticos. Até que —milagre! — lá para o fundo, um prato apetecível: pato com grelos, duas coisas que aprecio e bem combinam entre si.
Chega a moça sorridente e conversadora com os pratos pedidos e eu protesto: enganou-se, pedi pato com grelos e trouxe-me frango com brócolos!
Instantaneamente, a fluência no Português da empregada desaparece: — Num compliendo! Num compliendo! E vai-se, deixando-me a alternativa de comer uma coxa de frango miserável por pato, brócolos por grelos, ou passar fome.
Comi. Mas não me voltaram a enganar.
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