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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Agradecimento

É duro, confesso, continuar a escrever romances na quase certeza de que nenhum editor se interessará pela respectiva publicação. Mas não é surpreendente, tendo em conta que os editores de ficção nacional se contam pelos dedos de uma mão (e sobrarão dedos) e enfrentam eles mesmos dura luta pela sobrevivência, a qual os aconselha a não arriscar em autores sem peso mediático -- e, menos ainda, no dizer do meu amigo António L. Pacheco, em plantadores de couves, de bigodinho. O que, aliás, já me tinha sido dito por um editor contactado depois do sucesso do Eu, Carolina, obra autobiográfica que se vendeu como sabonetes: "O que é que V/ quer, se não dorme com o Pinto da Costa, nem trabalhou numa casa de alterne?")
Note-se que me não me têm faltado propostas de publicação de editoras -- pagando. O que continuo a recusar, indiferente aos eufemismos que envolvem as propostas. A pagar, prefiro fazer edições de autor, que me ficam muito mais baratas, não cedo direitos, os livros são meus, faço com eles o que bem entender. E pouco me afectam os comentários escarninhos dos críticos da edição de autor, que partem da ideia implícita -- e errónea -- de que, se as obras auto-publicadas tivessem mérito, não faltariam editores interessados, esquecendo, por exemplo, Camões, Fernando Pessoa, cada um com apenas um livro publicado em vida, esquecendo aqueles que só foram publicados postumamente, ou os que recorreram sistematicamente à edição de autor, como, por exemplo, Miguel Torga...
Envergonhar-me-ia a auto-publicação se me dissessem que o aspecto gráfico dos livros é mau, que encontraram erros de ortografia ou de sintaxe, incoerências nas histórias, que as narrativas não prestavam, etc.
Porém, os numerosos leitores que ao longo dos anos me têm feito chegar o seu feedback, não raro por escrito, têm sido pródigos em encómios. Haverá, presumo, outros tantos que nada disseram, ou porque não gostaram, ou porque não leram; mas não é meu desiderato agradar a todos. E muito me apraz sentir o respeito dos pares, na certeza de que, oficiais do mesmo ofício, conhecem bem os truques, sabem onde procurar os pontos fracos como costumam fazer nas suas obras antes de as darem à luz pública, faltar-lhes-á como a mim a paciência para amadorismos.
Por isso me encho de orgulho -- tão legítimo como o do operário que terminou a contento tarefa penosa e exigente -- ao ler a recensão que Cristina Torrão, escritora radicada na Alemanha, teve a amabilidade de escrever no seu blogue e no Facebook sobre o meu romance Um amor inventado, e que pode ser encontrada AQUI.
Muito obrigado, Cristina, muito obrigado João Madeira, muito obrigado António Pacheco! Muito obrigado a todos aqueles que ao longo dos anos me têm feito chegar as suas opiniões, persuadindo-me de que vale a pena continuar a escrever! 

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