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terça-feira, 24 de abril de 2018

Alfarrabistas e livrarias que fecham

Há uns anos, procurei pelas livrarias da zona do Chiado um livro. E explicava aos empregados desinteressados o que queria: em Português, de autor português, que tratasse da vinha e do fabrico do vinho. Sabia que devia haver porque, no passado, tinha lido várias obras com essas características na Biblioteca Municipal.
Sem o menor interesse, todos, em todas as livrarias, me diziam não haver tal livro.
Então, lembrei-me dos alfarrabistas e fui às Escadinhas do Duque. Na primeira loja em que entrei, uma senhora, já bem na meia idade, fazia o Sudoku e mal levantou os olhos para me ouvir. Não tinha nada do que eu queria, disse. E, já sem esperança, entrei no alfarrabista seguinte, que, salvo erro, pegava com a loja anterior.
Atendeu-me um senhor de idade avançada, octogenário, que me ouviu atentamente e sentenciou: o que procura é o livro do engenheiro Octávio Pato. O mais completo e o melhor. Venha comigo. E levou-me à loja anterior, foi directo a montão de livros, retirou um, passou-mo, Aqui o tem. E deixou-me a pagar à senhora do Sudoku.
Guardo preciosamente tal livro, a minha Bíblia no fabrico do vinho. Todos os anos o consulto, nem que seja apenas para dosear o ácido tartárico e o metabissulfito de potássio.

Já percebem porque é que fecham as velhas livrarias e os alfarrabistas?

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Numpelecebo!

Da única vez na minha vida em que entrei num restaurante chinês, depois de estudar a ementa à procura de comida que a minha boca aceitasse, pedi pato com grelos. Veio, e eu chamei a empregada para reclamar: aquilo era frango com brócolos! E ela, até aí fluente no Português, só me dizia: Numpelecebo! Numpelecebo!
Pois nunca mais entrei num restaurante chinês porque também eu Numpelecebo!