Por razões que desconheço, mas a que não será alheia a introdução do karaté no ensino de Okinawa, Mestre Itosu (1831-1915) segmentou a antiga kata Naihanchi em três, que o seu aluno Funakoshi japonizou com os nomes Tekki, nível um (shodan), dois (nidan) e três (sandan). A escolha do termo japonês deveu-se à (única) posição adoptada nas três katas, a do cavaleiro: pés afastados, paralelos, joelhos flectidos, como se o karateka estivesse enraizado no chão.
Estas katas provêm da antiga escola Shorei, (antepassada do estilo Goju Ryu), que se caracterizava por posições muito sólidas, deslocações curtas, técnicas circulares, curtas e poderosas, poucos pontapés e sempre baixos.
Na sua obra Karate-Do Kyohan, mestre Funakoshi descreve assim o Shorei-ryu:
"Coloca a tónica no desenvolvimento da força física e da potência muscular; impressiona pela sensação de força que evidencia.(...) As katas de Tekki, tal como Jutte, Hangetsu e Jion, entre outras, pertencem à escola Shorei. (...) Na verdade, é muito impressionante ver um homem poderosamente treinado executar uma kata da escola Shorei, subjugando o observador pela expressão da sua força absoluta. Mas é preciso reconhecer que tende a ter falta de velocidade..." (p. 8)
Treinamos normalmente as katas aos pares: a favorita (tokui-gata) e a antagónica, a primeira mais feita ao nosso corpo, a segunda da linha oposta. Por exemplo, tenho como tokui-gata Jiin e como antagónica Empi. Ambas exigem mais espaço do que o existente no meu alpendre e Empi ("a andorinha em voo") está suspensa até que o meu joelho esquerdo recupere. No vídeo seguinte, executo Tekki Sandan. Veja-se como simples testemunho da minha prática; para apreciar execuções de mestres, basta procurar no Youtube.
(NOTA: Tekki aparece normalmente grafada com dois "K"; como em Português um ou dois fazem o mesmo efeito, normalmente escrevo a palavra com um único "K".)
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