Poucas datas conheço, menos ainda respeito. O 7 de Maio é uma das excepções: foi a data em que entrei para o ensino, 36 anos atrás. Poderia lastimar o estado a que as coisas chegaram, o barulho ensurdecedor que vem das salas do lado, com o pobre professor a tentar fazer-se ouvir, enquanto aguardo por "clientes" na sala de estudo, alunos postos na rua, como antigamente se dizia, mas já nem disso tenho vontade. Também eu fui forçado a acomodar-me, a esperar que o tempo passe, sem nada que possa fazer, excepto participações, relatórios, planos de melhoria, actas, coisas que dão trabalho inútil ao professor e nenhuma consequência têm jamais para os prevaricadores... Lamento muito ter perdido a fé -- na utilidade da profissão, no valor do meu trabalho, no meu contributo para o futuro dos meus alunos. Mas aconteceu. Por isso, mas não apenas por isso, pedi a reforma. Infelizmente, não se trata de passar o testemunho na crença de que os mais jovens darão melhor conta do recado. Trata-se, tão só, de já me não rever na profissão que escolhi por vocação. Como escrevi neste blogue tempos atrás, eu era professor de Português com formação em Literatura e especialização em Linguística. Hoje sou acompanhante nuns casos, formador (mas não professor) nos cursos profissionais, segurança nas "substituições"...
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