A União Europeia faz-me lembrar a fábula Le pot de terre et le pot de fer, de La Fontaine: a panela de ferro persuade a panela de barro a acompanhá-la numa viagem prometendo protegê-la, interpor-se entre ela e eventuais perigos. Não tinham dado cem passos com as suas três pernas quando chocam e, antes que possa soltar sequer um ai, a panela de barro é desfeita em pedaços, legitimando a moralidade: associemo-nos apenas com os nossos iguais para não termos destino igual ao da pobre panela de barro.
Poucos concordarão comigo, acomodados ao que julgam ser os benefícios desta Europa Unida, pátria das pátrias, que trouxe a paz e a prosperidade -- a união faz a força, não é?
Não, não é. Tal como na fábula, a associação entre barro e ferro dá, necessariamente, cacada:
O Governo alemão vai permitir ao candidato à Presidência francesa François Hollande “salvar a face”, mas espera que ele mantenha os compromissos assumidos em nome da França, nomeadamente o tratado orçamental, disse o ministro das Finanças germânico. (No Público)Não conheço o texto original, nem o conseguiria ler, que não sei alemão. Mas, se a tradução é minimamente fidedigna, cada palavra é uma pérola. Colonial.
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