Ontem estive na minha aldeia.
Há três dias sem electricidade, sem água.
Despejo para o lixo o conteúdo do congelador do frigorífico.
Uma vizinha está a cozinhar tudo o que tem na arca frigorífica para evitar que se estrague. Lamenta, não o prejuízo próprio, mas que o mau tempo tenha arruinado a festa de São Vicente, um dos padroeiros da terra, e, sobretudo, o trabalho perdido das festeiras.
Uma prima conta-me a rir que se lava com a água da chuva.
Árvores arrancadas, telhas levantadas, vidas transtornadas. Não ouço protestos, não presencio conversas azedas.
Não é conformismo, é a arte ancestral da sobrevivência que persiste nesta aldeia, talvez em todas as aldeias devastadas pelo temporal.
Pouco antes de regressar, volta a electricidade. Mas não, ainda, a água.
1 comentário:
Como é possível? Que maçada de todo o tamanho. As pessoas do campo resistem melhor a estas contrariedades do que as da cidade. Sem água nem luz...?
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