É demasiado fácil criticar os vícios deste país e das suas gentes, indignar-me com as trapalhadas dos políticos, zurzir na porcaria da televisão. Demasiado fácil e sempre apreciado. Queirosiano, dirá quem gosta do estilo. Eu cansei-me. De ler o tal estilo queirosiano, de escrever batendo no pobre ceguinho que é este país, que somos nós, que sou eu. País que assassina a sua língua à revelia do acordo ortográfico, que fala demasiado alto, que se está cagando para os direitos dos outros, ao sossego. ao silêncio, à privacidade. Que desconhece o significado de discrição e de tudo faz uma peixarada. País que é o meu, país cujos 'intelectuais' encontram fonte de inspiração precisamente nos nossos vícios, defeitos, fealdade, mau gosto. À semelhança de Eça. Tal como, a fazer fé em reportagem televisiva, Lobo Antunes, que terá feito sucesso nos EUA com crónicas sobre as mulheres portuguesas de bigode.
"Chama-lhes putas, filha" -- ensinava a mãe. "Chama-lhes putas, antes que te chamem a ti!"
Assim andamos nós. Porque, como canta o grande Brel, é demasiado fácil / é demasiado fácil / fingir:
C'est trop facile,
C'est trop facile,
De faire semblant.
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