Onde estava eu? A viver na Marinha Grande, na clandestinidade; a trabalhar por turnos como operário de plásticos na Júlio Ferreira e Filhos, em Leiria, pelo que o golpe de estado me apanhou a dormir: tinha despegado às oito da manhã. Não havia então telemóveis, nem internet, eu não tinha televisão nem rádio. A revolução começaria dias depois, perto do 1º de Maio e mudaria este país, tornando-o irreconhecível. Democratizar, descolonizar, desenvolver, tudo isso se fez e só por ignorância ou má fé se pode negar que se vive hoje incomparavelmente melhor do que então. Porém, ninguém me viu, nem verá, de cravo na lapela, o emblema adoptado pelos vira-casacas.
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