Há quem se compraza com as desgraças do quotidiano, embora não aparente ser muito afectado por elas. Quem gaste o tempo a afundar no pessimismo este pobre país, mesmo quando, como hoje, se ouvem e lêem umas notícias encorajadoras, daquelas que nos trazem algum alento, alguma esperança, ténue embora, após os anos negros em que temos vivido -- e os marretas vá de deitar abaixo, ansiosos para que tudo corra mal, como se o que estivesse em jogo fosse o governo ou as oposições e não este pobre Portugal.
Se gastassem a energia, que não lhes falta para a conversa, a fazer algo por si próprios, pelas suas famílias, pelos outros -- pela pátria -- aposto que muito mais depressa sairíamos do atoleiro. E até lá, o sofrimento seria menos penoso, não tendo de os ouvir de manhã à noite.
FOTO: uma das minhas lavoiras, hoje. O dia estava a pedir. A terra, de sazão: molhada, mas não encharcada. A charrua cortava-a como faca a manteiga. E eu, num dia tão lindo, em lado nenhum me sinto melhor do que a trabalhar na terra, em completo sossego, desligado do Mundo e dos seus profetas da desgraça.
Como a retoma do crescimento económico, as sementeiras podem fracassar -- foi o que sucedeu na época passada. O tempo pode nem sequer me deixar semear. E todo o trabalho estará perdido.
Vale a pena tudo isto? Respondo com os conhecidos versos do poeta: "Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena."
Mas alma é o que falta ao povo, ao país...
Mas alma é o que falta ao povo, ao país...
2 comentários:
Tirado de outro blogue e pq não se trata de marretismo:
"Não, não festejo os “números positivos”. E porquê? Porque acho que “quanto pior, pior”... e enquanto tiver discernimento para perceber que uma qualquer melhoria - a dar-se - nos números da economia e do défice e do diabo a sete, foi conseguida com o sangue, suor e lágrimas dos mais indefesos, com o esmagamento de pensionistas e funcionários públicos, com a morte prematura de idosos sem acesso aos medicamentos e tratamentos, com o escorraçar de jovens para fora do país, com um aumento gigantesco do número de desempregados, sendo que metade nem subsídio de emprego já tem... tudo isto enquanto os ricos vão ficando mais ricos, a banca goza de protecção estatal e as grandes empresas fazem acordos milionários para sugar todo o dinheiro que é roubado a quem trabalha… ainda que reconheça os números, não, senhoras e senhores, não festejo porra nenhuma!!!"
Não há no meu post quaisquer referências a "festejos", os quais, concordo consigo, seriam uma ofensa a todos aqueles que tanto têm sofrido nos últimos anos.
É precisamente esse sofrimento que nos deve levar a condenar o pessimismo de todos os marretas que parecem preferir as más notícias àquelas que nos podem trazer de volta um pouco de esperança.
E como a crise também é de confiança -- interna e externa --, há-de reconhecer que um pouco de optimismo, mesmo que se venha a verificar infundado, não piorará as coisas. Poderá até melhorá-las.
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