Sou do tempo em que numa noite de temporal como esta se pensava, antes de mais, naqueles que arriscavam a vida no mar. Depois nos pastores, expostos às inclemências do tempo, a proteger os rebanhos. Em todos aqueles que não tinham um tecto que os abrigasse, agasalho contra a chuva, o vento, o frio, prato de sopa quente e côdea de pão para confortar os estômagos.
Em que nós, pobres, nos sentíamos privilegiados por termos família, casa, lareira. Ouvidas as histórias da avó da Luz, mais ou menos a esta hora, eu corria sonolento para a cama antes que o vento que entrava pelas friestas me arrefecesse, enroscava-me sobre cobertores e mantas, o colchão de camisas de milho afundava, e logo adormecia embalado pelo vendaval e pela chuva.
Como agora vou fazer.
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