Tenho amigos que escrevem por prazer. Abençoados. E dizem não compreender que a escrita possa ser tortura. Que se o fosse, não escreveriam. Abençoados. Pois eu vejo-me como um carpinteiro. A aplainar, a polir, a envernizar constantemente. Não gasto os dicionários porque utilizo sobretudo os electrónicos. Sempre abertos, à distância de um clique e para confirmar as acepções de palavras que conheço bem. E há a investigação, nome pomposo para o trabalho de leitura e recolha de materiais.
Enfim. Não é o choradinho costumeiro que me leva a escrever estas linhas. É que consultei as estatísticas do Word relativas ao novo romance em que trabalho e fiquei com pena de mim mesmo:
Começado a 22 de Maio de 2011
6.607 minutos de trabalho, que é como quem diz mais de 110 horas
145 revisões
Apenas 65 páginas a 1,5 espaços. Se fosse pago à hora... Se fosse sequer pago...
Nenhuma certeza de o conseguir terminar. E note-se que trabalho nos tempos livres, sem prejuízo das aulas, reuniões, testes, vigilâncias, correcção de exames nacionais de 12º ano (1ª e 2ª fases), avaliação de desempenho, uns relatorizitos, desses com que a profissão se diverte. Não muitos, que tenho uma boa mão-cheia deles em atraso. Como foi possível trabalhar tantas horas no meu romance? Resposta: férias. E disciplina férrea.
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