"Examinei, então, aquele homem a fundo. Não é preciso dizer o nome dele, mas era um dos nossos homens de Estado, o qual, no exame que fiz, me deu a impressão que vou contar-vos. Conversando com ele, pareceu-me efectivamente que aquele homem parecia ser sábio aos olhos de muita gente e sobretudo aos dele próprio, mas que o não era de modo nenhum. Procurei, então, provar-lhe que ele não tinha a sabedoria que julgava possuir. Com isto só consegui, dele e de vários assistentes, obter inimigos. Enquanto me ia embora, fui dizendo para comigo: «Afinal, sou mais sábio do que este homem. E possível que nem eu nem ele saibamos algo de belo ou de bom. Mas ele julga saber alguma coisa, quando não sabe nada; ao passo que eu, se não sei nada, também não creio que o saiba.« Depois desse tal fui procurar um outro, um daqueles que passavam por ser ainda mais sábios que o primeiro. A minha impressão foi a mesma e mais uma vez recolhi inimigos, da parte dele e de muita outra gente."
Platão, Diálogos, "Apologia de Sócrates"
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