Treino sozinho pelo menos três vezes por semana. E às quartas, no âmbito do Desporto Escolar, ensino os rudimentos do Karaté a alguns miúdos -- etiqueta, kihon e kumité básicos, as três primeiras Heian. Nos meus treinos solitários, aqueles que verdadeiramente me interessam, começo com Qi Qong, a que chamamos modestamente aquecimento, prossigo com o kihon do meu programa de exame e um pouco do das graduações inferiores, estudo kumité em frente do espelho na falta de parceiros, aplico-me nas partes mais difíceis das katas, executando-as lentamente e corrigindo-as graças aos espelhos, depois passo a repetições sucessivas da tokui-gata procurando a correcção de posições e de movimentos, o ritmo, a sensação, o equilíbrio, a velocidade e a força, desenjoo com Bassai Dai e com Empi, a kata antagónica, faço revisões de Jion, acrescento abdominais e flexões, termino com Qi Qong, agora chamado arrefecimento -- e banho.
Neste momento, e seguindo sugestão do meu mestre, a minha tokui-gata é Ji'in, kata que não apreciava. Porém, e à medida que a vou repetindo e tentando aperfeiçoar, começa a fazer mais sentido -- e não é que já gosto dela?
Karaté de velhos, troçarão os moços, amantes de competições, taças, glória. Sim, sem dúvida. Quem me dera poder continuá-lo por muitos anos. Porque a paixão não esmorece e, finalmente, sinto que estou a fazer progressos na Arte da Mão Vazia.
FOTO: o salto a 360 graus de Empi, "a andorinha em voo"
FOTO: o salto a 360 graus de Empi, "a andorinha em voo"
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