Como na cantiga alentejana, não invejo quem tem carros, parelhas e montes — mas quem escreve bem.
Como o Padre António Vieira:
Como o Padre António Vieira:
Veja-se como o autor evita os adjectivos e explora magistralmente a expressividade dos nomes e verbos, a relação entre ambos — e como as repetições, habitualmente tão maltratadas, surgem inevitáveis. Que inveja! Que lição!A primeira maravilha foram as pirâmides do Egipto, a segunda os muros de Babilónia, a terceira a torre de Faros, a quarta o colosso de Rodes, a quinta o mausoléu de Cária, a sexta o Templo de Diana Efesina, a sétima o simulacro de Júpiter Olímpico. E deixando o anfiteatro, de que só se vêem as ruínas, as pirâmides caíram, os muros arrasaram-se, o colosso desfez-se, o mausoléu sepultou-se, a torre sumiu-se, o farol apagou-se, o templo ardeu, e o simulacro como simulacro, desvaneceu-se em si mesmo.
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