Conversa que a poucos interessa. E esses não lêem blogues. Aí vai.
Dez quilos de Kondor e vinte e cinco de Picasso (foto de cima, já cortadas). Que plantei ontem, e ainda semeei um quilo de feijão Catarino e mais meio quilo de grão-de-bico. Não surpreende que hoje esteja exausto. É que abri os regos com o tractor, mas tapei-os com a enxada de pontas. A terra, ainda muito molhada, colava-se à enxada, às botas, tornando esgotantes as numerosas caminhadas sobre a terra já fresada (foto de baixo). E o calor empapava-me em suor. Enfim. É o trabalho do campo, que nada tem a ver com a poesia dos regressos à terra que o presidente da república agora incentiva, ele que bem contribuiu para a destruição da nossa agricultura. Ou, se poesia tem, é a de Cesário Verde:
"Ah! O campo não é um passatempoCultivo batata de sequeiro porque é muito mais saborosa, se conserva melhor -- e não preciso de a regar. A escolha da data de plantação é um exercício complicado a que me entrego todos os anos, e envolve a observação do estado da terra, a informação meteorológica, o meu instinto.
Com bucolismos, rouxinóis, luar.
A nós tudo nos rouba e dizima:(...)"
Agora é esperar que os javalis não me destruam o trabalho, que do Céu venha o Sol e a chuva quando necessários. Para mim, ficam as sachas, as curas, a arranca, a armazenagem, numa guerra constante com a traça, a que na minha terra chamamos fia-maria.
Não me perguntem se compensa, se vale a pena. Sabem a resposta. Mas não me guio por critérios interesseiros em nada do que faço. Faço e pronto.
2 comentários:
Que post tão bom de ler. Que campo tão bonito. Quase sinto o cheiro da terra. E que belas devem ser as batatas e que bom deve ser para si sentir que dá origem a tanta vida.
É uma felicidade que não está ao alcance de todos.
De facto, em dias bonitos como estes últimos, trabalhar no campo é um prazer que, concordo, não está ao alcance de todos. E para muitas pessoas seria tortura.
Obrigado pela visita e pelas palavras simpáticas.
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