— José Cipriano, decoraste a poesia, como te mandei?
E eu, olhos baixos: — Sim, minha senhora.
(Era assim que tratávamos a jovem professora primária.)
— Vem então aqui dizê-la.
Tímido, intimidado, subi para o estrado e sem ousar levantar os olhos para as quatro classes, balbuciei, monocórdico:
Em cima desta mesa, desta mesa de estudo, tenho o teu retrato, Mãe!
A professora queria expressividade, mímica, gestos largos, dramáticos. E eu, cada vez pior. A cabeça sabia o que fazer, como dizer. Mas a vergonha paralisava-me.
— Assim não dá. Vai-te sentar.
Obedeci rápido, antes que descarregasse no meu corpito enfezado a raiva que a possuía, frustrada por não poder impressionar o inspector que viria à escola naquela semana com declamação do melhor aluno, menos de cinco reis de gente...
(O poema de José Régio, Colegial, pode ser lido aqui)
E eu, olhos baixos: — Sim, minha senhora.
(Era assim que tratávamos a jovem professora primária.)
— Vem então aqui dizê-la.
Tímido, intimidado, subi para o estrado e sem ousar levantar os olhos para as quatro classes, balbuciei, monocórdico:
Em cima desta mesa, desta mesa de estudo, tenho o teu retrato, Mãe!
A professora queria expressividade, mímica, gestos largos, dramáticos. E eu, cada vez pior. A cabeça sabia o que fazer, como dizer. Mas a vergonha paralisava-me.
— Assim não dá. Vai-te sentar.
Obedeci rápido, antes que descarregasse no meu corpito enfezado a raiva que a possuía, frustrada por não poder impressionar o inspector que viria à escola naquela semana com declamação do melhor aluno, menos de cinco reis de gente...
(O poema de José Régio, Colegial, pode ser lido aqui)
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