Dos bombeiros, que por essas matas arriscam a vida. Que sofrem o calor, esforços desumanos, perigos ora calculados, ora inesperados, muita incompreensão por parte daqueles por quem lutam, alguns dos quais, em desespero, chegam ao extremo de os agredir, como se os bombeiros fossem, para além de heróis anónimos, super-homens e super-mulheres capazes de tudo salvar.
Salvar dos incendiários, protegidos por leis meigas, juízes complacentes. Salvar da nossa incúria, pois não protegemos as matas, não fazemos acessos, não lhes damos meios de socorro adequados para impedir que quando cercados pelas chamas se vejam ameaçados por morte horrível, na flor da idade, sem prémios de risco, sem associações de sargentos e de oficiais a defender mordomias, alcavalas, privilégios incompreensíveis nestes tempos de crise — com o argumento de que a pátria lhes exige a própria vida.
Em cada Verão, quando o país arde, são os humildes bombeiros que o defendem, abnegadamente, incansavelmente, sem horário de trabalho, nem gratificações, nem ajudas de custo, nem promoções. Poucos recebem condecorações por bravura, como se cada bombeiro, cada bombeira, não fosse um valente. Capaz de fazer pela nação, pela terra, pelo povo, aquilo que eu não faço, que os militares não fazem: arrastar penosamente mangueiras encosta acima para que não arda tudo, por vezes rodeados pelas chamas, queimados até, para que algumas árvores sobrevivam até ao próximo Verão.
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