Bombardeado diariamente com imbecilidades noticiosas, vejo-me obrigado a, mais uma vez, meter a foice em seara alheia, falando da área económico-financeira, de que nada entendo, como a minha própria situação evidencia. Em defesa da minha pretensão, um argumento que julgo supremo: foram os entendidos, os génios das finanças, que conduziram o Mundo ao ponto em que se encontra. Portanto não saberão muito mais do que eu... Aqui vai.
Poucos animais se preocuparão com riquezas. Uma das excepções será o cão, pervertido por longo convívio com o homem. O meu, por exemplo, se acaso tem abundância de ossos, enterra o excedente; mas como esquece onde enterrou o seu tesouro, escava todo o jardim em busca da sua riqueza perdida...
O ser humano, complicado por natureza, tem desde há muito procurado algo que o superiorize em relação aos seus semelhantes: conchas, contas de vidro, quinquilharia, gado, artefactos em metais até há pouco perfeitamente inúteis, como ouro e prata. A riqueza resultava, não raro, da acumulação de objectos sem finalidade utilitária, frequentemente em associação com a arte. Havia, claro, riquezas sólidas, como a terra, casas, meios de produção, mas pelo reduzido peso que têm na economia actual, esqueço-as neste post.
Hoje, o que há é, antes de mais, especulação. Suponhamos que um pintor impressionista vendeu um quadro. Essa venda incluía materiais, mão-de-obra, talento artístico, criatividade, etc. De onde veio o valor actual, milhares ou mesmo milhões de vezes superior ao da primeira venda, se nenhum valor foi acrescentado à pintura original? A resposta é: especulação. Uma empresa colocou no mercado acções, as quais valorizaram astronomicamente relativamente ao preço de venda inicial? Especulação. Uma moradia foi vendida e revendida em curto espaço de tempo sempre com grandes valorizações: especulação. E para a especulação poder funcionar é necessário emitir cada vez mais papel-moeda, já esquecida a correspondência que em tempos houve entre as notas e riquezas mais consistentes, como o ouro. De modo que chegámos a um momento da história em que a riqueza é antes de mais especulação, com fraca ou nenhuma relação com a actividade produtiva. Assim, quando uma empresa reduz a produção, despede pessoal, as suas acções sobem e, inversamente, quando anuncia lucros e aumentos de produção, caem. Absurdo? Sem dúvida. Por isso abundam as notícias como esta:
O ser humano, complicado por natureza, tem desde há muito procurado algo que o superiorize em relação aos seus semelhantes: conchas, contas de vidro, quinquilharia, gado, artefactos em metais até há pouco perfeitamente inúteis, como ouro e prata. A riqueza resultava, não raro, da acumulação de objectos sem finalidade utilitária, frequentemente em associação com a arte. Havia, claro, riquezas sólidas, como a terra, casas, meios de produção, mas pelo reduzido peso que têm na economia actual, esqueço-as neste post.
Hoje, o que há é, antes de mais, especulação. Suponhamos que um pintor impressionista vendeu um quadro. Essa venda incluía materiais, mão-de-obra, talento artístico, criatividade, etc. De onde veio o valor actual, milhares ou mesmo milhões de vezes superior ao da primeira venda, se nenhum valor foi acrescentado à pintura original? A resposta é: especulação. Uma empresa colocou no mercado acções, as quais valorizaram astronomicamente relativamente ao preço de venda inicial? Especulação. Uma moradia foi vendida e revendida em curto espaço de tempo sempre com grandes valorizações: especulação. E para a especulação poder funcionar é necessário emitir cada vez mais papel-moeda, já esquecida a correspondência que em tempos houve entre as notas e riquezas mais consistentes, como o ouro. De modo que chegámos a um momento da história em que a riqueza é antes de mais especulação, com fraca ou nenhuma relação com a actividade produtiva. Assim, quando uma empresa reduz a produção, despede pessoal, as suas acções sobem e, inversamente, quando anuncia lucros e aumentos de produção, caem. Absurdo? Sem dúvida. Por isso abundam as notícias como esta:
As bolsas mundiais já perderam mais de 3,1 biliões de euros desde que a crise da dívida soberana na zona euro se instensificou, desde o princípio da semana passada, de acordo com a contabilização feita pela agência Bloomberg.
Aparentemente, não há qualquer relação entre a produção de riqueza não especulativa e a queda bolsista. Se assim for, as quebras ocorrem sobretudo na área especulativa, afectando o valor virtual e não tanto o valor real das empresas cotadas, seguramente bem inferior.
Será já no próximo ano que se lembram de mim para o Nobel da Economia?
ADENDA: veja-se também esta notícia:
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