Antigamente, quando a crítica era crítica, o politicamente correcto ainda não tinha sido inventado e as origens rurais um estigma que se queria esquecido, assim se despachavam as ambições literárias dos aprendizes de escrevente.
Sigo à risca o preceito: quando chegam os primeiros dias bonitos anunciando a Primavera próxima, trazendo no chilreio animado das andorinhas ânsias de sementeiras, volto à terra e às batatas; eu sei, compradas ficam mais baratas e poupa-se o trabalho, mas como fugir ao apelo da terra que suspira por amanhos? E depois, se o tempo correr de feição, não faltarão elogios às batatas ou ao vinho..
Pelo contrário, a escrita, bem mais cansativa, torturante correcção após correcção - corrijo vezes sem conta , na procura da palavra exacta, da frase certa, da pontuação pretendida - não merecerá talvez um insulto da crítica nem uma olhadela distraída dos raros leitores...