Há o povo que deita foguetes em alvorada de festa, indiferente ao risco de incêndio e sem respeito pelas vítimas dessa noite.
Há o povo que com fingido pesar faz antes de cada noite de festas da cidade hipócrita minuto de silêncio.
Mas há também o povo que luta em desespero, com fraca ou nenhuma ajuda oficial, pelo menos nos momentos críticos, mas com uma coragem que me comove.
Como a moça que no sábado por volta da meia noite saiu de Lisboa, onde vive, rumo à aldeia natal, para acudir a pais e avós cercados pelos fogos. Conseguiu chegar, passando por estradas em chamas, com cadáveres ainda a arder nas bermas, num percurso inverso ao daqueles que morreram na fuga.
Lá continua, e disponibilizou o número de telefone para ajudar a encontrar desaparecidos, conforme post da Sofia Cipriano:
"A minha amiga Teresa é de Pedrogão Grande e esta lá a ajudar no que pode. Ela pediu para avisar: Se souberem de alguém à procura de pessoas desaparecidas, digam para ligarem de imediato para o seguinte contacto: 236488060. Obrigada"
O povo é o mesmo, as pessoas é que não.