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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006
Construções de controlo
(2) [A Ana disse [que queria [ir ao cinema]]].
A representação (2) resulta do facto se se considerar que é uma construção de controlo, uma vez que é "o sujeito da frase superior, lexicalmente realizado, (...) que controla a referência do sujeito foneticamente nulo da completiva de infinitivo não flexionado" (Duarte, I. in Mateus et al., 2003:632).
(Trata-se, neste caso, de 'controlo de sujeito'. Sobre 'controlo de objecto' e de 'objecto indirecto', ver as pp. 632 e 633 da referida gramática).
Como estas construções não integram nem a TLEBS nem os conteúdos programáticos do ES, estranha-se a sua inclusão nos exemplos de "frase complexa", a não ser que, deliberadamente, se pretenda chamar a atenção para a sua existência. A ser assim, como resolver o problema na prática docente do EB /ES?
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006
Acerca da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário
Penso que a TLEBS representa um contributo significativo para a uniformização terminológia e pode dotar os professores de Português ? entre os quais me incluo ? de uma linguagem gramatical comum, podendo dar novo alento ao estudo da gramática, numa perspectiva substancialmente diferente daquela que conhecemos no passado, enquanto alunos.
Esclarecida a minha posição, pretendo reflectir e gostaria de promover a discussão sobre um conjunto de problemas que talvez expliquem alguma da polémica associada à TLEBS.
- Parte da rejeição poderá estar relacionada com discordâncias relativas aos novos programas de Português do Ensino Secundário e com a indefinição quanto ao modelo de exames de 12º ano, agravadas com a alteração da idade da reforma e imposição das aulas de substituição. Cada um destes problemas merece discussão própria, mas independente da entrada em vigor da TLEBS.
- A formação de professores na matéria é claramente insuficiente. Com formações iniciais que pouco têm em comum e raramente privilegiaram o estudo concreto da língua, afastados do ensino superior durante décadas, os professores de Português socorreram-se frequentemente de gramáticas escolares e pedagógicas, de apêndices gramaticais de manuais escolares, para colmatarem a falta de uma boa gramática da nossa língua e agora exige-se-lhes que façam tábua rasa desse conhecimento penosamente adquirido e falem uma nova linguagem.
- Pode-se argumentar que as mudanças são em pequeno número e os conhecimentos adquiridos continuam actuais; mas uma observação, mesmo genérica, das entradas da TLEBS e respectivas definições e exemplos não tranquiliza o professor: onde está a oração, o atributo, o aposto, o complemento determinativo? Como são agora classificados os advérbios? Que adianta saber que um adjectivo é uma palavra da classe sintáctica dos adjectivos?
Adiar a entrada em vigor, como já foi reclamado, não seria boa solução, uma vez que significaria um regresso à confusão terminológica anteriormente existente, de que talvez não déssemos conta por ausência de discussão. No estado actual, só vejo uma saída: estudar, discutir, criticar, propor alterações, as quais certamente serão bem recebidas visto que a TLEBS tem como primeiro princípio estruturador a ?[A]bertura, organizando-se de modo a deixar em aberto a possibilidade de futuras alterações consistentes? (Portaria 1489/2004).
Em breve: oração ou frase?