De uma só assentada, Joaquim de Lisboa publicou dois livros, um de poesia (Patranhas 100 Poesia) e outro de contos (Trinta Tretas). A modéstia revelada pelos títulos é enganadora. São obras honestas, bem arredadas das "patranhas" e "tretas" a que, modestamente, os títulos fazem referência.
Em Patranhas 100 Poesia, o autor, que rejeita "alcandorar-[se] ao pedestal de poeta", pretendendo humildemente transmitir uma visão "Do [seu] mundo e das [suas] vivências", revela, para além dessa vivência sem a qual a arte resulta estéril, sentido de humor, transversal à obra, apurado sentido rítmico e formal, capaz de conjugar som e sentido tanto em géneros tão difíceis como o soneto como em formas mais livres, mas sempre bem marcadas pelo ritmo, como a primeira quadra do soneto "Dúvidas" bem evidencia:
Em Patranhas 100 Poesia, o autor, que rejeita "alcandorar-[se] ao pedestal de poeta", pretendendo humildemente transmitir uma visão "Do [seu] mundo e das [suas] vivências", revela, para além dessa vivência sem a qual a arte resulta estéril, sentido de humor, transversal à obra, apurado sentido rítmico e formal, capaz de conjugar som e sentido tanto em géneros tão difíceis como o soneto como em formas mais livres, mas sempre bem marcadas pelo ritmo, como a primeira quadra do soneto "Dúvidas" bem evidencia:
"Quando eu era menino eu tinha certezas
Limpas e puras como a água das fontes
Eu via montanhas no mais raso dos montes
Profundezas de mar em quaisquer correntezas..."
Limpas e puras como a água das fontes
Eu via montanhas no mais raso dos montes
Profundezas de mar em quaisquer correntezas..."
Não sou crítico, nem um post de um blogue é o meio adequado para realçar o mérito desta obra despretensiosa, que justifica leitura atenta, lenta, saboreando-a poema a poema, como eu próprio acabei de fazer. Parabéns, Joaquim.