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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Cem mil visitas

Este blogue ultrapassou as cem mil visitas. Número nada impressionante, se considerarmos que sobrevive há uns dez anos.
Falava-se então muito de blogues, e eu perguntei como criar um a aluno meu, do Karaté, rapaz então com os seus doze, treze anos, inteligente, educado, aplicado e rigoroso nos treinos -- com a internet cortada pelos pais por se ter envolvido em pequena patifaria precisamente com o seu blogue -- asneiras da adolescência, quem as não fez?
-- É fácil, explicou-me, vai ao blogspot, escolhe criar blogue...
E assim nasceu este blogue. Sem objectivos claros, sem temática caracterizadora, apenas porque sim.
Entretanto, os blogues proliferaram, frutificaram como as faveiras em Maio, como elas muitos secaram.
Este, embora com manutenção irregular, vai andando. Como nós...

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Vaidade

Ao fim de um mau dia, leio isto, numa discussão entre leitores do blogue Horas Extraordinárias, de Maria do Rosário Pedreira:
"Entre Cós e Alpedriz ... foi dos melhores livros que li nos últimos tempos!
Se fosse pela notoriedade do autor ou pela divulgação que teve, pela editora... jamais o teria lido!"
MUITO OBRIGADO!

terça-feira, 10 de maio de 2016

Verão Quente (3)

Verão quente (3)
Estão a ver o boné da foto do Salgueiro Maia? É um quico. Fazia parte da farda de de trabalho, a n.3, se a memória me não falha. Sem valor especial, ao contrário, por exemplo, das botas de trabalho.
Pois no Verão de 1975 estava eu destacado num dos quartéis de Santa Margarida e entrei no bar dos sargentos para um café.
Sempre distraído, paguei, peguei o boné de cima do balcão, e saía quando um primeiro sargento me detém, puxando-me pelo braço. Rudemente.
-- Nosso furriel, esse quico é meu!
Olho-o espantado. Levo a mão à cabeça -- descoberta. Nego.
E ele, malcriadão: -- Vá-se f..., o seu está aí! -- e apontou para a presilha das minhas divisas de segundo furriel.
Pois estava! Tinha-o lá prendido ao entrar no bar.
Nem me tentei desculpar. Apressei-me a sair, a evitar os remoques do sargento-chico, a arengar contra o chico-esperto que lhe queria roubar o quico, ah, mas ele tinha-os bem abertos, não era qualquer furriel maçarico que lhe passava a perna!

sábado, 7 de maio de 2016

Verão Quente (2)

A FBP, pistola metralhadora do sargento de serviço, deu em disparar crivando de balas a parede em frente à qual os soldados alinhavam para a formatura da manhã -- e eles, mandando a disciplina ao tal sítio, instantaneamente se lançaram por terra.
-- O meu sargento é doido ou quê?
O pobre sargento de dia, incapaz de controlar a arma, que disparava incessantemente em todas as direcções, gritava em pânico: -- Venham-me cá parar isto!
-- Vamos mas é o c...! Tire o dedo do gatilho, vire essa merda para o ar!
A FBP só parou de disparar quando esvaziou o carregador...

Verão. Quente (1)

1975. A contra-revolução crescia. No Tejo, ameacadores navios de guerra da NATO. Em Rio Maior, barricadas. Caça aos comunistas no Oeste, incêndio das sedes do PC. 
No meu quartel, deram camuflado a cozinheiros e a padeiros, passaram-nos a operacionais, a eles que mal sabiam manejar a G3 e pareciam ansiosos por a usar. Um dia, vi da minha janela um açoreano gritar para outro: -- Pá, dá-me um tiro!
-- És doido ou quê?
-- Ah, não dás? Atão dou eu! 
E zás, aponta-lhe a G3, pum! Pum!
Grita o outro, resguardado na camarata: -- Pára com essa merda, és doido ou o c...?
A medo, assomam às portas e janelas outros prontos, acaba por vir o oficial de dia, cauteloso,
-- Sim, meu aspirante, fui eu, esta merda disparou-se não sei como!
Segue responso: não deve ter bala na câmara, e a arma deve estar travada. Tiros, só contra a reacção. E furriel ranhoso acrescenta: -- E contra o M-R- Pum-Pum! Podes furar esses cabrões todos!