Sábado, na esplanada de um restaurante em pequena cidade da província.
— Vanessa, esta tarde preciso de ti no salão!, diz a mãe para a filha, moça dos seus dezassete anos.
— Não há nada para eu fazer!
— Só que atendas quem chega, já me ajudas muito.
Amuada, a jovem, virou a cara para o lado: — Porque é que me não avisaste antes?
— Sabes bem que a mãe precisa de ajuda.
O pai mete-se: — Vanessa, porque é que não vais ajudar a tua mãe?
— Agora vou para a Biblioteca, tenho lá os meus amigos.
— Não são os teus amigos que te dão de comer.
— É sempre o mesmo. Só me dizem quando tenho outras combinações!
— Tens a semana toda para estares com eles. Porque é que não estiveste com eles hoje de manhã?
— Porque estive a aspirar, a arrumar, a passar a ferro…!
— Não querias que a tua mãe fizesse isso depois de sair do trabalho, à noite?
— Queria era que me dissesse com tempo quando é que precisa de mim. E aquilo é uma seca. Não tenho nada, nada, que fazer!
— Se aparecer alguma cliente, a tua mãe não precisa de largar o que está a fazer.
— Deixa lá, diz a mãe, e aponta a expressão da filha: — Não quero ninguém a receber as clientes com estas trombas.
— Tenho voleibol às quatro!, diz, lágrimas a correr pelo rosto.
Passa o tio, dono do restaurante, e manda-a tirar os pés de cima da mesa:
—Isso é para fazeres lá em casa!
— Em casa, o pai não deixa!
— Ah, estava a ver que te não dava educação!
Momentaneamente, fico a sós com o pai da moça: — Isto é um problema, gerir conflitos constantes entre mãe e filha. A mãe fica lixada por a Vanessa a não ajudar, a Vanessa reponde-lhe com duas pedras na mão…
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