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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Da violência nas escolas

Mário Nogueira, dirigente vitalício do meu sindicato, voltou ontem a envergonhar-me publicamente. Foi em declarações que prestou à TV a propósito da agressão a um aluno por parte de um professor de TIC.
Para Mário Nogueira, não há presunção de inocência quando se noticia que um professor bateu num aluno. Essa presunção fica, talvez, reservada para os políticos corruptos, seguramente para os pais que agridem professores e funcionários. Nem importa, antes de mais, apurar os factos, aguardar os resultados do processo disciplinar que foi ou vai ser instaurado.
Adiante.
O que me envergonhou mais, o que me enojou, foi ouvi-lo a retomar a velha discriminação contra os professores não profissionalizados.
(Tantos anos após o 25 de Abril, o velho preconceito, de que também  eu fui alvo, primeiro miniconcursiano, depois provisório, continua subjacente:
— O colega é efectivo? Não? Então não devia estar a dirigir esta reunião!
— Vá-se queixar à direcção, que me nomeou!
Mas doía. E a prova é que não esqueci.)
Agora Nogueira com conversa parecida. Como se na formação para a profissionalização se aprendesse a não perder a cabeça! Como se a formação fizesse uma qualquer triagem segundo as competências científicas e pedagógicas, a adequação aos requisitos da profissão, à saúde mental, até!
Como se não houvesse no activo alguns profissionalizados que jamais deveriam estar à frente duma turma!
Como se as condições de trabalho em certas escolas não fossem suficientes para qualquer um se passar!
Não. O problema é que o colega, que até pode ser engenheiro informático, não tem a profissionalização.
Já quanto à agressão de Valença, feita por pai orgulhoso do feito, tanto que até organizou contra-manifestação com a tribo, nem uma palavra. Bater em funcionários e em professoras e professores, tal como em polícias, não tem idêntica gravidade. Não merece que se pronuncie.
Porque neste caso, seguramente, a culpa é dos agredidos. Mesmo se profissionalizados.

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