A parvoíce não começou agora, acompanha-nos certamente desde que a humanidade aprendeu a falar. Mas, atrevo-me a afirmar, nunca se viveram tempos tão parvos como os actuais. Se duvidam, ou pensam que exagero, atentem numa das polémicas actuais, incida ela sobre vestuário e símbolos religiosos, a forma como um jogador de futebol festejou ou não festejou o golo, as conversas de balneário (pensava eu que o balneário era o local onde uns gajos nus tomarem banho procurando não deixar cair o sabonete), agora as discussões acaloradas sobre o 25 de Novembro, quase sempre com intervenientes sem idade para terem participado activamente nos acontecimentos.
Note-se que não questiono a utilidade de apurar factos, e de nos indignarmos com a punição de rapariga muçulmana que ousou mostrar os cabelos, no Irão ou na França, com os gestos malcriados ou atitudes violentas no futebol, ou com os desmandos ocorridos no pós-25 de Abril, marcados pela intentona spinolista do 28 de Setembro de 74, com o bombardeamento aéreo e ataque dos pára-quedistas ao Ralis no 11 de Março,, o Verão Quente de 75, os combates no 25 de Novembro.
Mas, no momento em que vivemos acontecimentos extremamente preocupantes, com a Terceira Guerra Mundial já em curso, fazer de uma data de um passado já distante, que já pouco ou nada tem a ver com a realidade em que vivemos, mais um símbolo para esgrimir entre adversários políticos, com importância idêntica à de saber se fulano usou cravo na lapela nas comemorações do 25 de Abril, certamente por falta de ideias actuais, excede em ridículo, e de longe, as Guerras do Alecrim e Manjerona ( António José da Silva, o Judeu) ou do Hissope (Cruz e Silva).
Digo eu, que vivi o 25 de Novembro “com muito medo e uma arma na mão”, conforme escrevi há anos neste blogue.