No blogue da fundação josé saramago (assim mesmo, em minúsculas, à moda de valter hugo mãe ou, mais para trás, de e.e. cummings), há um texto de apresentação do novo romance de Saramago, assinado por Pilar, que, querendo salientar as vicissitudes que a escrita do livro conheceu, começa assim:
"Queridas amigas, queridos amigos,
Escrevê-lo não foi um passeio ao campo:(...)"
Interrogo-me: desde quando é que escrever, mesmo para um mestre como Saramago, pode ser comparado a um passeio no campo? Não terá ele vivido em cada romance anterior as falsas partidas, penetrado em becos sem saída, sentido a dúvida angustiante (serei capaz outra vez?), não terá precisado de vencer quotidianamente a certeza derrotista e paralisante (já não sou capaz, isto não vai prestar, não se compara ao que já escrevi...), não se terá atormentado, palavra a palavra, frase a frase, parágrafo a parágrafo com a dificuldade de "résumer le pourquoi du monde dans un comment écrire"?
Não, trata-se, certamente, apenas de uma frase infeliz, em que Pilar procurou fazer estilo.
"Queridas amigas, queridos amigos,
Escrevê-lo não foi um passeio ao campo:(...)"
Interrogo-me: desde quando é que escrever, mesmo para um mestre como Saramago, pode ser comparado a um passeio no campo? Não terá ele vivido em cada romance anterior as falsas partidas, penetrado em becos sem saída, sentido a dúvida angustiante (serei capaz outra vez?), não terá precisado de vencer quotidianamente a certeza derrotista e paralisante (já não sou capaz, isto não vai prestar, não se compara ao que já escrevi...), não se terá atormentado, palavra a palavra, frase a frase, parágrafo a parágrafo com a dificuldade de "résumer le pourquoi du monde dans un comment écrire"?
Não, trata-se, certamente, apenas de uma frase infeliz, em que Pilar procurou fazer estilo.
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