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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Na aldeia em tarde de Sol

Vou acelerado, aí a uns vinte à hora, que o tractor pouco mais dá, na pressa de lavrar leira, quando homem sai de adega, se atravessa na estrada, me manda parar.
-- Olha lá, o que é que vais fazer com isso?
Explico, algo receoso de que o meu conterrâneo, mais velho, profissional da agricultura, troce de mim. 
Não. Antes avalia entendido a charrua, tece-lhe elogios: pequenina, maneirinha, assim está bem. 
-- Agora a minha é enorme! Aquilo lavra fundo de mais, só para plantar vinha. Não precisas?
Agradeço, mas não. O meu tractor é fraco para alfaia tão grande e depois não gosto de lavrar muito fundo. Cavar, lavrar, a um ferro de enxada, dizia o meu pai.
-- Qualquer dia tens de me emprestar essa.
-- É quando quiser. 
Recomenda-me cuidado. Lembra-me do meu pai, que morreu debaixo do seu tractor: -- O teu é mais seguro, nunca fiando.
Concordo. Os acidentes acontecem quando menos se espera. Precisamente por isso. 
-- Olha, um dia o teu pai veio-me chamar para ir tirar o tractor dele, que tinha caído numa barreira...
Acaba-se-me a pressa. Por lá fico a ouvir saudoso essa e outras histórias, grato àquele homem que recorda com amizade o meu pai, que o ajudou a desenvencilhar-se de trabalhos quando precisou. 
-- Bom, vai lá lavrar, mas tem cuidado! E já sabes, qualquer coisa, podes contar comigo!

1 comentário:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Valores a família, José Catarino.