Aí pelos meus cinquenta anos, sentindo a aproximação inexorável do inverno da vida, escrevi “Invernia”, que viria a fechar o romance Entre Cós e Alpedriz:
Invernia
Badaladas do sino
Ecoam pela aldeia deserta
Porta-voz do destino
Recordam aos velhos a morte certa
Quando será nunca mais Primavera
Pelo menos um dia radioso
Que enfeite a atmosfera neste tempo tão chuvoso?
Ah, rapazes do meu tempo
Ah, mocidade da minha geração
Uma fogueira no peito
Uma laranja em cada mão
Esqueçamos o tempo já passado
Vamos apanhar gelo
Vamos colorir o coração
Nasçam malmequeres
Cresça a couve
que se sache e se monde
que se colha e se coma
Lá, onde corre a fresca regueira
onde nasce o agrião
Enchamos o cinzento de laranjas
uma no céu, uma em cada mão
O sino dobra novamente a finados...
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