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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Ó nino!

 Ó nino!

Olho divertido para as duas velhas do outro lado da estrada. Querem saber pormenores do funeral, receiam descer em vão a ladeira até à igreja, nestes tempos de Covid até os enterros estão mudados.
E eu, enternecido pelo tratamento que me faz recuar mais de sessenta anos, aconselho-as: deixem-se, por enquanto, ficar à sombra, se possível sentadas, o calor aperta, não há missa, e daqui a pouco podem ir calmamente até ao cemitério, na direcção oposta e a escassas centenas de metros.
Afasto-me, no enlevo daquele chamamento aldeão: Ó nino!
Ah, um homem é só uma criança grande e os homens, mesmo muito velhos, morrem meninos, escrevi há uns bons vinte anos.

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