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sábado, 25 de fevereiro de 2023

Guerra é paz

A literatura e a vida mantêm entre si uma relação deveras curiosa, sendo impossível determinar qual delas imita a outra. No romance distópico 1984, de Orwell, publicado em 1949, há um Ministério da Verdade antecipando aquele que nestes tempos censórios orienta a comunicação social e as redes sociais onde se fazem as verdades e as opiniões. E, espantosamente premonitório é o lema desse ministério:

GUERRA É PAZ

LIBERDADE É ESCRAVIDÃO

IGNORÂNCIA É FORÇA

Eis a receita para a paz na guerra que assola a Ucrânia: enviar mais armas, cada vez mais mortíferas, isto enquanto houver carne para canhão, pois, ouvi dizer, não tenho confirmação, os ucranianos já estão a recrutar jovens de 16 anos. É uma das coisas que me assusta, com o meu neto mais velho a fazer 17 anos. Na internacionalização do conflito, tão desejada pelas guerreiras do Facebook, sei bem que não serão os filhos delas que enviarão para a frente, tal como o general Isidro, paladino da intervenção europeia, os não irá comandar.

A outra, é que o conflito degenere em guerra nuclear: bem me podem garantir que o Putin não é doido, que o meu receio está noutro lado: na iminência de derrota ucraniana, os americanos recorrerão a ataque nuclear. Afinal, até hoje, só eles usaram bombas atómicas e sobre cidades indefesas no Japão; na guerra da Coreia, à beira da derrota, estiveram novamente prestes a fazê-lo. Tal como, também, na crise dos mísseis de Cuba, em que não toleraram o que agora querem que a Rússia aceite: mísseis a minutos de Moscovo.

Nunca pensei vir a dizê-lo: revejo-me nas declarações do Papa. E não vou entrar em discussões, estou velho para ir para a guerra e para as guerras de palavras.

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