Era um rafeiro chato: sempre que passeava pela rua, cheirava cuidadosamente cada parede, cada poste, cada automóvel estacionado, procurando marcas de outro cão que primeiro por lá tivesse passado; quando as detectava, prontamente urinava em cima, às vezes só pingos simbólicos, tendo já esgotado no percurso a reserva hídrica que acumulava penosamente ao longo de todo o dia – mas contava a intenção: a última palavra havia por força de ser a sua, mesmo que nada significasse.
Os outros, fechados nos quintais onde descansavam do passeio diário, talvez dormitando enquanto sonhavam deliciados com a cadela do fundo da rua, que, mais dia, menos dia, há-de entrar em cio, soerguiam uma orelha e, se mais vividos, soltavam rosnadela quase imperceptível: -- Lá anda aquele filho de uma cadela!; se jovens e impetuosos, corriam devastando relvados e flores, atiravam-se furiosos ao portão, impotentes para impedir o sacana de sobrepor as marcas do seu egoísmo, como se paredes, postes e carros não fossem suficientes para todos – ou se em cada mijadela alheia visse a evidência da sua mediocridade.
Os outros, fechados nos quintais onde descansavam do passeio diário, talvez dormitando enquanto sonhavam deliciados com a cadela do fundo da rua, que, mais dia, menos dia, há-de entrar em cio, soerguiam uma orelha e, se mais vividos, soltavam rosnadela quase imperceptível: -- Lá anda aquele filho de uma cadela!; se jovens e impetuosos, corriam devastando relvados e flores, atiravam-se furiosos ao portão, impotentes para impedir o sacana de sobrepor as marcas do seu egoísmo, como se paredes, postes e carros não fossem suficientes para todos – ou se em cada mijadela alheia visse a evidência da sua mediocridade.
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