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terça-feira, 9 de março de 2010

O tempora! O mores!


Na televisão, a propósito do miúdo da escola de Mirandela que se terá afogado no Tua, uma mãe confirma: sim, há bullying na escola. E comprova. O seu próprio filho foi forçado a riscar um carro:
--- Se não riscas aquele carro não és mais meu amigo.
Não a ouço falar de umas boas palmadas pedagógicas, nem sequer da conversa que se impunha: amigos daqueles, quanto mais longe melhor. Apenas parece pretender desculpabilizar o seu pequeno vândalo, culpando outro.
Recuo no tempo, até à minha própria adolescência. Nem pensar em riscar carros, a propriedade era então sagrada, os pais tinham de pagar os estragos dos filhos, que depois os pagavam em casa com o corpo. Desresponsabilização por ter sido aliciado? Duvido muito. Acreditava-se então no livre arbítrio, na consciência do Bem e do Mal, que, aliás, se incutia desde muito cedo.
Comparando as nossas patifarias com as actuais, creio que nos portávamos bem; as transgressões, inevitáveis, eram pensadas, medidas, não raro evitadas por medo das consequências. E hoje? Sendo sempre a culpa dos outros – amigos, professores, escola – os jovens, não raro apelidados de crianças, mesmo que já tenham atingido a maioridade ou andem perto dela, são, na prática, inimputáveis. Podem, portanto, fazer o que lhes der na veneta porque, na pior das hipóteses, terão de varrer numa tarde as folhas do átrio da escola ou receber acompanhamento psicológico.

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