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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Da tolice humana

Diz o um amigo: pior que tomarem-nos por tolos é demonstrarem-nos que somos tolos. Discordo, apesar de, à primeira vista, a sua proposição parecer inegável. É que por "demonstrar" entendo "tornar evidente através de provas concretas" e não através de recursos retóricos mais ou menos falaciosos. Um tolo -- " aquele que não tem inteligência ou juízo" -- não aprecia, porque não entende, demonstrações, que, quando muito, confunde com argumentações de retórica, como na historieta seguinte, contada à minha maneira.
Um iluminista francês, creio que Voltaire, fazia sucesso nos salões da alta aristocracia russa com os seus argumentos e provas de que Deus não existe. Ora numa dessas festas, quando deslumbrava damas com a sua oratória, falam-lhe de um matemático que tinha descoberto uma fórmula que provava a existência de Deus.
Ainda Voltaire, que pouco sabia de matemática, abria a boca de espanto, e entra homem vestido de camponês, aspecto de monge louco de filme de Eisenstein, que lhe dispara à queima-roupa intrincada fórmula matemática, culminando com imperioso -- Répondez!
Como, se não tinha entendido patavina? O filósofo saiu ridicularizado do salão, fugiu para França apressadamente, tão envergonhado que ponderou o suicídio.
Tolice e vaidade andam frequentemente de braço dado...

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