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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Arma uirumque cano

As armas, ainda há tão pouco tempo excomungadas, amaldiçoadas, proscritas, proibidas, confiscadas, apreendidas, culpadas de toda a violência — salvam vidas, dizem-me diariamente nas televisões! São precisas para salvar vidas! Mais: quanto mais mortíferas forem, mais vidas vão salvar!


Mas nem todas as armas salvam vidas: só as que estiverem nas mãos dos nossos; as dos nossos inimigos tiram vidas inocentes, sempre em hediondos crimes de guerra.

O sanguinário hino francês, o mais fofinho português, recuperaram literalmente o significado de antanho:

Aux armes citoyens, formez vos bataillons

Marchons, oui marchons

Qu'un sang impur abreuve nos sillons


Às armas, às armas!

Sobre a terra, sobre o mar

Às armas, às armas!

Pela Pátria lutar

Contra os canhões marchar, marchar

E assim cá vamos, como no hino da bufa, cantando e rindo, levados, levados sim pela voz da tuba mediática, clamor sem fim.

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