As armas, ainda há tão pouco tempo excomungadas, amaldiçoadas, proscritas, proibidas, confiscadas, apreendidas, culpadas de toda a violência — salvam vidas, dizem-me diariamente nas televisões! São precisas para salvar vidas! Mais: quanto mais mortíferas forem, mais vidas vão salvar!
Mas nem todas as armas salvam vidas: só as que estiverem nas mãos dos nossos; as dos nossos inimigos tiram vidas inocentes, sempre em hediondos crimes de guerra.
O sanguinário hino francês, o mais fofinho português, recuperaram literalmente o significado de antanho:
Aux armes citoyens, formez vos bataillons
Marchons, oui marchons
Qu'un sang impur abreuve nos sillons
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar
E assim cá vamos, como no hino da bufa, cantando e rindo, levados, levados sim pela voz da tuba mediática, clamor sem fim.
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