Em finais dos anos oitenta, dava a informática de massas os seus primeiros passos, uma grande, grande, multinacional contactou uma pequenina empresa, recém-formada, encomendando um software específico para gestão da produção.
Os sócios reuniram, a esfregar as mãos de contentes: uma venda, e logo de muito prestígio! Publicidade que lhes permitiria dar um grande salto no mercado nascente! Mas, conversa de quem ainda não está muito habituado a ganhar dinheiro, demais a mais fácil porque tinham produzido recentemente um programa que respondia exactamente à solicitação:
— Quanto vamos pedir pelo software?
— Ora, o preço a que o temos vendido, dez contos. E é lucro limpo, que já está mais do que pago!
— Estás maluco? Por esse preço, não nos levam a sério!
— Então cem contos.
O terceiro sócio, até então calado, lembrou o óbvio: o gestor de compras da multinacional certamente se abotoava com uma percentagem do valor; a ser esse o caso, e apostava que era, teria que untar as mãos a alguns subordinados para manterem a boca fechada; logo, o preço teria de ser alto para conseguirem a encomenda.
— Mil contos?
— Proponho mais: dez mil contos.
Teve de batalhar para persuadir os sócios. Lá acabaram por ceder e chamaram um funcionário para “customizar” o programa: mudar o logotipo e pouco mais.
O programa foi imediatamente comprado sem regateios.
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