A notícia do Correio da Manhã sobre a pirataria informática que motivou o meu post sobre o Kamasutra parece ter sido recebida com apreensão por pessoas ligadas ao meio livreiro:
"Quando os entusiastas do e-book festejam o lançamento de mais um novo leitor de livros eletrónicos, tenho dúvidas. Tenho dúvidas porque sou conservador – e tenho dúvidas porque tenho receio da pirataria informática que afetará os direitos de autor e a indústria do livro." escreve Francisco José Viegas.
Enquanto autor que não logrou captar o interesse das editoras, nem é provável que o venha a fazer, primeiro, porque não escrevo para elas e para a sua visão das apetências do mercado --- depois queixam-se de que faltam leitores! ---, segundo, porque não tenho feitio, nem tempo, nem necessidade de me arrastar mendigando, lisonjeando, metendo cunhas, enquanto autor, dizia, antes de me perder em divagações ressabiadas, vejo na proliferação de e-books uma janela de oportunidades que me dará maiores possibilidades de chegar até aos leitores. Quanto aos direitos de autor, seria interessante saber quantos autores portugueses recebem valores que lhes permitam, já não digo viver da escrita, mas, pelo menos, levar vida mais folgada. Porque estou convencido de que na sua esmagadora maioria receberão, na melhor das hipóteses, umas migalhinhas, quase uma esmolinha, sem possibilidade de controlar as vendas, sem capacidade para exigir os seus direitos.
Se assim for, quem tem razões para recear o lobo mau da pirataria não são autores como eu, que até pagam para ser lidos, publicando às suas custas, mas as editoras que não parecem capazes de se adaptar aos novos tempos.
(Para receber gratuitamente uma versão em pdf dos meus romances, basta enviar-me um mail com o pedido; já tive o prazer de oferecer muitos por esta via, e não estou mais pobre por isso.)
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