1. Ontem a Presidência esclareceu que o senhor professor doutor só acumula duas reformas; o que não esclareceu é como é que o senhor presidente, estando, como está, no activo, recebe reformas. Presidente ganha assim tão pouco?
2. Faz confusão saber que uma mesma pessoa pode ter tido em simultâneo vários empregos. Fará menos confusão se tivermos presente que:
a) emprego é diferente de trabalho;
b) quem muito burros toca, etc. e tal;
c) O tuga é especialista em truques. Eis alguns muito corriqueiros:
-- O truque da antiguidade. Quando o amigo convidava (jamais os inimigos) para um tacho, negociava-se a antiguidade para a reforma, prestações pagas pela empresa pública, é bom de ver. Dez, vinte anos de antiguidade para a reforma logo à entrada...
--- O truque do casaco e da carteira. O quadro deixava o casaco e a carteira no seu gabinete; se alguém perguntava por ele, o funcionário fingia procurá-lo e esclarecia prestável: ---- o senhor doutor, de momento, não está; mas não anda longe, que tem o casaco e a carteira no gabinete. Claro que o funcionário também precisaria de uns diazitos, etc. e tal.
--- O truque do cartão de ponto. Hoje pico o meu e o teu, amanhã picas tu o meu. É sabido que quadro tem privilégios...
--- O truque de pagar os descontos como se se estivesse a trabalhar numa qualquer empresa (e.g., Alegre na rádio).
--- O truque do conselho de administração. Tão bom como o truque de deputado. Sem palavras.
--- O truque de não gozar férias. Os elementos da administração não pedem férias durante anos, embora as tenham gozado à grande e à francesa, pelo que têm o direito de ser ressarcidos -- à grande e à francesa -- no momento da reforma.
--- Etc.
Não acredito que o senhor presidente, pessoa de reconhecida integridade, alguma vez tenha recorrido a truques ordinários como aqueles que referi. No entanto, fica-lhe mal:
-- receber reformas estando no activo;
-- arengar sobre sacrifícios, ética e quejandos. Porque, quem tem telhados de vidro...
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