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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ebook: Do lacrau e da sua picada

O meu primeiro romance, Do lacrau e da sua picada, foi publicado em formato ebook pela Leya Escrytos, e já está disponível nas principais lojas (Apple, Amazon,...).
Não gosto de elaborar resumos e sinopses: se precisei de duzentas páginas em que não há, nem poderia haver, uma palavra a mais ou a menos, ou não o teria considerado terminado, como posso reduzir o livro a algumas linhas?
Assim, sugiro a quem tiver paciência e apetência a leitura da amostra gratuita, certamente mais esclarecedora do que a sinopse que acompanha o ebook.
Em breve, terá a companhia dos irmãos mais novos -- Entre Cós e Alpedriz, Um Amor Inventado, GueHek Pepe.
As críticas e sugestões são sempre bem-vindas e muito apreciadas.
(IMAGEM: do pintor João Alfaro, autor da capa da versão em papel)

Da inutilidade dos votos de bom ano


Feliz Ano Novo -- para quem procura ser feliz, os meus desejos são escusados e quiçá incomodativos por obrigarem a dar atenção a telemóvel ou computador, desviando-a do que conta: as pessoas; para quem finge deleitar-se com a infelicidade, podem até ser ofensivos. 
Que cada qual viva 2013 o melhor que puder, se tal for de seu agrado; que embeleze a desgraça, aureolando-a de sombras românticas, se é assim que quer viver.  

domingo, 23 de dezembro de 2012

Um Natal Feliz

Fragmento extraído de Do lacrau e da sua picada

As lágrimas voltarão, inevitavelmente, quando daqui a pouco a avó vir a família reunida. Retirar-se-á então da sala para não entristecer os outros, que também sofrem com a ausência da Nela.
Começam a servir as couves e o bacalhau em silêncio, as crianças salvam a situação, apesar da dor que sentem e sentirão até ao fim dos seus dias, não conseguem estar muito tempo sisudas e a sua alegria contagia os outros, primeiro o Luís, que elas macaqueiam neste momento, depois os adultos. A avó regressa, abraçam-na, acariciam-na, limpam-lhe as lágrimas, é a altura de serem felizes novamente, talvez a vida seja mesmo uma merda, que mal haverá em a aproveitar, saboreando os pequenos momentos como este, que até parecem dar-lhe sentido?
É o que todos tentam agora fazer. Dos muitos manjares apetitosos que há na nossa cozinha, poucos nos sabem tão bem como as couves com bacalhau e família reunida. À vez ou tudo ao monte, conversa-se, galhofa-se, neste momento somos todos iguais, todos igualmente importantes, os adultos calam-se para ouvir uma das pequenas contar um episódio qualquer da sua escola — já anda na quarta classe, como o tempo passa! esqueçamos também o tempo que passa, é o momento de saborear couves e vida.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Portimão (3)


O Portimão endireitara-se. Era o que dizia o comandante do destacamento, cheio de fé na bondade humana. Eu desconfiava. 
-- Aquilo foi o vinho, como ele disse. O raspanete que lhe demos serviu-lhe de emenda. Não volta a fazer asneiras. Veja como anda sossegado, envergonhado até. 
Eu calava as discordâncias. Tinha apenas 21 anos, mas farejava a dissimulação. Via o Portimão como cobra que rasteja humilde, a evitar dar nas vistas, para melhor atacar à traição. 
-- Olhe, dizia-me o major levando-me a passear de braço dado pela parada sob olhares escarninhos dos prontos, -- Pediu-me uma pistola...
Atónito, interrompi o passeio, olhei-o nos olhos: -- Meu major, ele é o armeiro, tem o quarto atravancado com G3! Até em cima de um dos beliches!
E o comandante, pacientemente: -- Eu sei. Mas diz ele que se lhe aparecer alguém de noite ao postigo precisa de uma arma pequenina. Como você está de serviço este fim-de-semana e não temos mais Walters, damos-lhe a sua. 
De sargento de dia, desarmado! Que figura a minha!
O major insistiu. E eu entreguei-lhe a pistola, com balas no carregador, conseguidas com grande dificuldade.
Os recrutas, em plenário dinamizado pelos SUV (Soldados Unidos Vencerão!), tinham aprovado medidas revolucionárias: não rastejar na prova de técnica de combate porque o chão estava lamacento, e não fazer serviços, pelo que na sexta-feira à tarde o quartel esvaziou. 
Desabafei com o alferes que ficou de serviço: -- Já viste a minha figura de palhaço, sargento de dia desarmado? E logo para dar a minha arma ao Portimão, que já tem duzentas...
Tranquilizou-me. Com o quartel deserto, não haveria novidades. -- Olha, a minha mulher e o meu cunhado vêm ter comigo e dormem cá, não faltam quartos livres. Porque é que não vais para casa?
Sair do quartel, dormir em casa, com a minha mulher? Irrecusável. Portanto, desenfiei-me.
Regressei no domingo, antes do restante pessoal. E o pobre alferes contou-me a toirada da noite anterior: o Portimão embebedara-se outra vez e não tendo ninguém com quem brigar na nossa unidade, foi armar desacatos para o bar dos sargentos de um quartel vizinho. Chamado o nosso oficial de dia a repor a ordem, ameaçou matá-lo com a minha pistola... A custo conseguiu levá-lo de volta, teve outras vezes a arma apontada à cara, bala na câmara, sem se poder afastar até que a bebedeira passasse, temeroso pela mulher e cunhado, escondidos na ala dos oficiais...
Não era possível abafar o ocorrido. O Portimão foi recambiado para o nosso quartel de origem, Torres Novas, onde, como contei, acabou caído na parada, atingido por estilhaços, um testículo a menos...  

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Portimão (2)


Fui destacado, com uma dúzia de camaradas, quase todos na foto, para dar uma recruta em Santa Margarida, campo militar em lugar ermo, com longa avenida entre numerosos quartéis, cada qual com a sua autonomia. Logo numa das primeiras noites, estava eu de sargento de dia, e chamam-me à caserna dos recrutas. O Portimão, bêbedo, ameaçava os  moços, a extorquir-lhes dinheiro, bebidas, enchidos, chocolates.  Cheguei-me às boas, a tentar levá-lo dali para fora. Recusou sair: queria o bagaço, que, dizia, os recrutas tinham escondido nos armários. 
-- Venha então daí, e peguei-lhe amigavelmente no braço, vamos ao bar, que lhe pago um copo.
Intempestivamente, libertou-se com um safanão, apontou-me a G3 à cara, a dois passos de distância, meteu bala na câmara, grunhiu: -- Sei usar esta merda!
Nem me apercebi do perigo que corria. Inútil a Walter de serviço, sem balas. Pistola e braçadeira eram meros adereços, distintivos da função. 
Avancei para ele, desviei o cano a arma, -- Oiça lá, meu sacana. É assim que me agradece por o safar das porradas quando está desenfiado do serviço, como aconteceu ainda no mês passado, você a dormir e o posto de sentinela vazio?
-- Isso não é agora para aqui chamado, contrapôs, aparentemente desorientado. 
-- Aí não é? Eu faço-lhe bem e você aponta-me essa merda? É assim que me agradece?
Por entre palavrões e ameaças afastou-se e refugiou-se no quarto. 
Queixa apresentada, o comandante do destacamento, major que havia feito a descolonização de São Tomé e Príncipe, chamou-o ao seu gabinete na minha presença. E o Portimão, que tinha cursado com distinção a escola de malandragem, desfez-se em falinhas mansas, tom humilde, confessou-se arrependido, fora o vinho, blá, blá...
Continuou connosco até ao fim-de-semana, quando armou zaragata tal que o bonzinho do major teve de o devolver ao nosso quartel de origem, Torres Novas.  E eu só me não vi envolvido porque estava desenfiado... Matéria para o próximo post, o último da série.
FOTO: em Santa Margarida, 1975. Sou (fui) o primeiro à direita, agachado.

domingo, 16 de dezembro de 2012

O Portimão (1)


Em 1975, durante toda uma noite, um soldado pronto, o Portimão, infernizou o quartel de Torres Novas, disparando rajada sobre rajada sobre tudo o que mexia. E nós, resguardados nas esquinas, perguntávamos Porquê?, como se mau vinho e muita ruindade não fossem resposta suficiente. Gritava ele, enquanto recarregava a G3: havia de matar o comandante, o segundo comandante, o sargento da companhia...
Por volta da meia noite saiu do quartel, paredes meias com a vila. Desarmou pobre polícia, que em pânico se atirou às águas imundas e gélidas do Almonda e a nado fugiu para a outra margem. Então, não encontrando a quem perseguir na vila deserta, reentrou no quartel sem que o frio da noite lhe tivesse arrefecido a fúria assassina.
Da capital chegaram ordens para o abater. Perplexos, cruzámos olhares: ninguém com coragem para disparar sobre camarada de armas. Mas agora, com balas reais nos carregadores, já não era só fugir, respondia-se ao fogo, evitando atirar à figura. E o Portimão caiu atingido por estilhaços de rajada, vários ferimentos ligeiros, um testículo a menos, Presídio Militar como destino. Para meu grande alívio, por razões que contarei no próximo post. 

sábado, 15 de dezembro de 2012

O fim do mundo está próximo

Com base em laboriosa investigação dos textos sagrados do Apocalipse, minucioso estudo das tabuinhas sumérias e tijolos babilónios (ou terá sido ao contrário?), das garatujas egípcias e dos textos  dos Maias, traduzidos por Eça de Queirós, e tendo procedido a aprofundados cálculos matemáticos, rigorosos como os do ministro das finanças, pude determinar que se aproxima o fim do Mundo. Alguns sinais recentes, como a cratera de impacto da foto, surgida do dia para a noite no meu quintal, as projecções do BCE e do Banco de Portugal, a aproximação de pragas de gafanhotos, e as notícias da RTP não deixam margem para dúvidas. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Teodoro e o menino palrador

Falava torrencialmente.
-- Queres cinco tostões para te calares um minuto?
Um minuto de silêncio, a eternidade. Impossível.
Disparatava, devaneava, interrogava: -- Quem é? -- E se... -- E agora...
-- Davas uma rica taramela para espantar a passarada na eira!
E eu, sempre reco teco, teco reco...
-- Oh, rapaz, cala-te um bocadinho, por amor de Deus!
Nem suborno, nem promessas, nem súplicas, nem ameaças: -- E se aquela casa caísse agora e de lá saísse um leão...
Foi em Chaqueda, tinha cinco ou seis anos. Morávamos à entrada, do lado de Alcobaça,  uma dúzia de casas afastadas da aldeia. Por entre as ruínas de edifício começado para ser a Fábrica do Pão, mas nunca terminado, negras paredes não rebocadas, o homem cavava. Enorme, ganga azul, botas de borracha. Teodoro, nunca me esqueci do nome. Operário na fábrica de vidros.
E eu, sempre na minha infindável palração, reco teco,  teco reco...
-- Se não te calas, abro uma cova funda, enterro-te lá, que nunca mais te encontram.
Gelei. Fugi apavorado. E só hoje, mais de meio século passado, me atrevo a contar a história.  

domingo, 9 de dezembro de 2012

Diferenças de Rentes de Carvalho

Rentes de Carvalho regressou, após mini sabática que deixou mais pobre a blogosfera. Um único post como o de hoje dá por bem empregues as visitas diárias na sua ausência, na esperança de que, arrependido, tivesse voltado mais cedo. É a voz do mestre, que tanta faz nestes tempos de lugares comuns, verbosidade lamechas, textos mal escritos a imitar a moda das calças rotas e cuecas à vista.
Da extrospecção para a introspecção, nem uma palavra a mais, nem uma a menos no post Diferenças. Com queda, cadência e caso, como recomenda Vieira: "A queda é para as coisas, porque hão-de vir bem trazidas e em seu lugar hão-de ter queda; a cadência é para as palavras, porque não hão-de ser escabrosas nem dissonantes, hão-de ter cadência; o caso é para a disposição, porque há-de ser tão natural e tão desafectada que pareça caso e não estudo..."

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Morgadinha dos Canaviais revisitada


Voltei à Morgadinha dos Canaviais, quarenta e tantos anos depois do fascínio da primeira leitura. Moveu-me, não a nostalgia das idealizações campestres, mas o estudo do viver nos finais da primeira metade do séc. XIX, trabalho de pesquisa para romance que estou a escrever, resultado da minha obcecação pelo mito da Maria da Fonte, de que já aqui dei conta.
A Morgadinha dos Canaviais ainda tem muito para oferecer aos leitores de hoje, mau grado o seu início fastidioso, pedante até. A pedir, portanto, leitura em diagonal, mormente quando surge a Tia Doroteia e a sua criada, ou dona Vitória e os seus conflitos com a criadagem. Notáveis os conflitos interiores de algumas das personagens, a lembrar Dostoievski, outro mestre no género. Primorosa a denúncia do caciquismo, da corrupção política e das fraudes eleitorais, a dissecação das artimanhas com que os demagogos manipulavam então o povo — como hoje, mutatis mutandis.
Nas personagens, apreciei sobretudo o político nacional, encarnado no Conselheiro, e os caciques locais — Joãozinho das Perdizes, o Brasileiro Seabra, o Pertunhas, o Torcato, o missionário. Comoveu-me o Cancela, o homem que se levanta contra a tirania da religião, e sofre a morte da filha adolescente. Bem concebido o Zé Pereira, tocador de zabumba, que afoga no vinho os desgostos que lhe dá a mulher, beata. E pressenti em Henrique de Souselas grandes parecenças com o Gonçalo da Ilustre Casa de Ramires, até com o protagonista de A Cidade e as Serras.
Recomendo para estes longos serões de Novembro.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Outono de seu riso magoado


Crescem as noites, arrefecem os dias, alongam-se as sombras, até há pouco exíguas, verticais, duras – eis que difusas se confundem com natureza, casas, objectos, pessoas, e a lucidez que sempre nos faltou não alcança destrinçar nessa penumbra a realidade fugidia.
Não é só o Portugal tristonho a definhar, não; é todo um mundo de aparências, de quimeras, créditos, promessas plásticas de juventude eterna, vidas de sonho decalcadas de revistas de cabeleireira… Sabemos hoje (sabê-lo-emos?), que a riqueza era virtual como o dinheiro, como o crédito bancário,  e vemos as prometidas vidas de sonho esvanecerem-se para todo o sempre como sombras que jamais conseguiremos alcançar, ora fugindo à nossa frente se as perseguimos, ora a  seguirem-nos trocistas se lhes viramos as costas. Para nosso desgosto e revolta, espera-nos,  sarcástica, a frugalidade austera dos nossos pais e avós…
NOTAS
(1) post de Outubro de 2010; infelizmente bem actual.
(2) Título: verso de um poema de Camilo Pessanha.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Serões na Província


Assobiava o vento nas empenas, à procura de friesta por onde entrar, a querer aquecer-se também ele ao borralho, zangado empurrava chaminé abaixo a fumaça das vides, canas,  rama de pinheiro, dançavam hipnotizadoras as chamas,
-- Põe- me um casaco nessas costas!
 E nós, a atirar caruma a arder para a fogueira: -- Foguetes!
-- Quem brinca com o lume mija na cama!
-- Qual é a coisa, qual é ela...
Trás! Rato enforcou-se na ratoeira. Outros virão, há ainda dois buracos disponíveis, dentro aromático toucinho frito, isca irresistível,
-- Verde foi o meu nascimento, de luto me vesti...
-- Sou eu, responde a avó,
-- Não é nada, é a azeitona, refuta a minha irmã, com a certeza das crianças.

A avó, despertada da sonolência, pega na cafeteira enfarruscada, prepara caneca de água com açúcar, conta as histórias de sempre, 
-- Joãozinho, disse a madrasta, que era bruxa, vê se o forno está bem quente,
(E queria que ele metesse a cabeça no forno para o empurrar e queimar vivo),
-- Parece-me que não, venha vossemecê ver...
A bruxa foi, o Joãozinho, quando a apanhou com a cabeça na porta do forno, zás, empurrou-a com toda a força, ajudado pela irmã, trancaram a porta do forno e a bruxa foi queimada viva. -- Bem feito, não foi? A malvada queria matar os enteados, pobres criancinhas!
-- E os animais foram viver para dentro de casa. Logo nessa noite entrou ladrão. O cão ladrou ão ão e mordeu-lhe numa perna, o gato soprou ffffff e arranhou-lhe as mãos, o burro zurrou i-nó-i-nó e pregou-lhe uma parelha de couces nas ventas, o galo cacarejou córócócó e bicou-o na cara, o ladrão fugiu mordido, arranhado, picado, escouceado. Bem feito para ele, não foi? Que não tinha nada que ir roubar.
(A justiça era então expedita e justa),
-- Rebola cabacinha, rebola cabação,
Não vi velhinha nem velhão,..
-- Aquece-te bem e corre para a cama!
As camisas de milho que enchiam o colchão afundavam-se em cova aconchegadora, eu tiritava sob cobertor de papa e mantas de trapos, pela madrugada, em sonhos, aflito para urinar, via cântaro esquecido junto à fonte, ah com que alivio, com que prazer pela malvadeza, lhe mijava para dentro!
E acordava com palmadas maternas, não pela partida pregada à velha, apenas por ter outra vez mijado na cama... 
(Eu era feliz, e ninguém estava morto
Álvaro de Campos, Aniversário)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Natais e carnavais


Primeiro transformaram o Natal em evento comercial, agora noutro carnaval, com as grandes e pequenas cidades ao despique para conseguirem atenção mediática, seja com palhaçadas, seja com impressionantes pirâmides ornamentadas com toneladas de mau gosto e míriades de luzes pirosas a apelarem ao deslumbramento saloio, sem apego àquilo que individualiza um povo, que distingue uma nação. Os brasileiros fazem a maior "árvore de Natal" do Mundo, os belgas a mais ridícula, os ingleses aproveitam para se despir e, de cuecas e barrete de Pai Natal, outra ridicularia dos tempos modernos, espojam-se espalhafatosamente para gáudio próprio e alheio... E cidades portuguesas, ressalvado o bom gosto e espírito natalício daquelas que, como Bragança, preferiram distribuir prendas pelas crianças do concelho,  competem entre si com idênticas pirâmides metálicas e, sempre, milhares de luzes, a dissipar, não as trevas da ignorância que promovem, mas o erário público...
Admira-me que os cidadãos que gritam histéricos nas inaugurações, antes não vomitem enojados. Afinal, Natal, Passagem de Ano, Carnaval, dia de São Valentim, das Bruxas, lançamento do novo IPhone ou Windows -- que singulariza cada um destes eventos? Idênticas multidões possuídas de igual histeria, animadas com a mesma ilusão de felicidade comercial, por todo o lado o Admirável Mundo Novo a explodir em iguais fogos de artifício.