Digo eu.
1972. Dois estudantes alugam quarto na Rua Poço dos Negros. Um, aluno no Instituto Comercial, outro em Belas Artes. Um maoista, outro trotskista. Seguramente pouco fanáticos, porque as divergências políticas nunca provocaram atritos entre eles. Ambos começaram a namorar no início do ano. Um escrevia maus versos e panfletos que imprimia às escondidas, em maquineta, espécie de copiador artesanal, outro desenhava e pintava. Ei-lo fotografado com alguns desenhos seus por fundo. Por mim. Anteontem, quarenta e três anos depois, o reencontro. Virtual e graças ao Facebook.
1972. Dois estudantes alugam quarto na Rua Poço dos Negros. Um, aluno no Instituto Comercial, outro em Belas Artes. Um maoista, outro trotskista. Seguramente pouco fanáticos, porque as divergências políticas nunca provocaram atritos entre eles. Ambos começaram a namorar no início do ano. Um escrevia maus versos e panfletos que imprimia às escondidas, em maquineta, espécie de copiador artesanal, outro desenhava e pintava. Ei-lo fotografado com alguns desenhos seus por fundo. Por mim. Anteontem, quarenta e três anos depois, o reencontro. Virtual e graças ao Facebook.
Resposta do Cabanita:
Em 1972, na Rua dos Poiais de São Bento, ao Poço dos Negros, dois estudantes alugam um quarto juntos. O José Cipriano estudava Contabilidade, o Carlos Cabanita estudava Arquitetura. 19-20 anos. Ambos revolucionários, o José maoísta, eu trotskista. As discussões eram ferozes, mas apesar de tudo fomos amigos. Ambos éramos também muito tímidos e saloios, pois começámos os dois a namorar naquela idade. Lembro-me que tinha comprado um manual prático de como namorar e líamos os dois. Depois comparávamos notas.
-- Pá, já estou no capítulo 2!
-- O quê? Já chegaste àquela parte do soutien?
-- Hum, hum...
-- Merda, ainda não estou aí.
Depois eu mudei-me para a Rua de São Bernardo à Estrela, casei, fui viver para o Bairro Alto, logo a seguir veio o 25 de Abril e uns anos de frenesim político. Assim para aí uma vez por ano pensava no Zé Cipriano. Mas nada soube dele durante estes anos todos.
Agora reencontrámo-nos através do Facebook, 43 anos depois. E ele mostrou-me esta foto minha dessa altura, de que eu já não me lembrava.
Alguns dos nossos comentários:
Em 1972, na Rua dos Poiais de São Bento, ao Poço dos Negros, dois estudantes alugam um quarto juntos. O José Cipriano estudava Contabilidade, o Carlos Cabanita estudava Arquitetura. 19-20 anos. Ambos revolucionários, o José maoísta, eu trotskista. As discussões eram ferozes, mas apesar de tudo fomos amigos. Ambos éramos também muito tímidos e saloios, pois começámos os dois a namorar naquela idade. Lembro-me que tinha comprado um manual prático de como namorar e líamos os dois. Depois comparávamos notas.
-- Pá, já estou no capítulo 2!
-- O quê? Já chegaste àquela parte do soutien?
-- Hum, hum...
-- Merda, ainda não estou aí.
Depois eu mudei-me para a Rua de São Bernardo à Estrela, casei, fui viver para o Bairro Alto, logo a seguir veio o 25 de Abril e uns anos de frenesim político. Assim para aí uma vez por ano pensava no Zé Cipriano. Mas nada soube dele durante estes anos todos.
Agora reencontrámo-nos através do Facebook, 43 anos depois. E ele mostrou-me esta foto minha dessa altura, de que eu já não me lembrava.
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