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sábado, 29 de agosto de 2009
Mar
"Em criança, o Chico era o ai-jesus do pai, que o levou a ver pela primeira vez o mar, teria o moço então cinco ou seis anos. Partiram numa madrugada de Julho, num desses domingos de calor estival em que se não pode fazer nada no campo, e lá foram, eles dois na bicicleta, a farneleira de duas divisões, uma para conduto, outra para sopa, presa no suporte, e as recomendações da mãe para que não deixasse o Sol da praia queimar o seu menino. O pai pedalou nas rectas, aproveitou as descidas para recuperar fôlego, empurrou a bicicleta à mão pelas ladeiras acima e, de repente, numa descida, o Afonso viu-o, maravilhado: um rio enorme, azul ao fundo, esverdeado junto à areia, desfazendo-se em espuma branca ao bater contra as rochas do lado do Sítio; ao longe, colava-se ao céu e na sua ingenuidade infantil convenceu-se de que o mar era o céu que descia, enrolado sobre si próprio, até à areia. Era, pensou, feito da mesma água das nuvens. Em breve se desenganou: a água, tão fresquinha e apetitosa, mesmo a pedir que uma boca sequiosa como a sua a bebesse, era salgadíssima!"
Entre Cós e Alpedriz
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