Nas férias, em Agosto, coloquei aqui uma série de dez posts intitulada "Boas entradas de bons romances". Por coincidência, e certamente sem que nenhum de nós o soubesse (eu não o sabia), Marco Santos, do blogue no vazio da onda, deu início à excelente série "O começo de um livro é precioso", trabalho notável pela sua regularidade, dimensão, variedade e qualidade. Tão bom que fiquei sem jeito para dar continuidade à minha ideia inicial. Avanço com outra ideia, complementar e totalmente egoísta: apresento os finais dos meus romances. E começo pelo fim de Entre Cós e Alpedriz, o primeiro que publiquei (imagem de João Alfaro):
"Fica a história --- a quem interessará ela, sem um escândalo para o editor, sem uma alegoria para os críticos, sem metáforas para o leitor decifrar, sem ideologias a legitimá-la nem moral a extrair? E, afinal, que importância tem isso? Sobre as casas em ruínas edificarão outras, entre Cós e Alpedriz, onde há muito se não ouve azurrar nenhum candidato a juiz, continuará a viver gente talvez feliz, geração após geração, misturando-se vidas e histórias que o vento dispersará e reunirá numa só, tal como o coveiro, passados os anos regulamentares, amontoa numa só campa os ossos dos esqueletos que outrora se moveram e falaram, dando corpo e alma a vidas perdidas no tempo."
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