A vista papal trouxe de novo beatice e anticlericalismo para a ribalta. Nada de novo. Sempre os crentes desejaram converter os ateus e vice-versa. Criticar o fundamentalismo de uns faz pressupor que estamos a tomar partido pelos outros. Eis um excerto que, a propósito da pneumónica, escrevi em Entre Cós e Alpedriz:
A devastação causada pela doença provocou uma forte crise religiosa, uns jurando que tinha sido praga divina castigando o povo incréu pela perseguição à Igreja, tanto no Portugal republicano como por essa Europa fora, por exemplo, na Rússia, que já fora Santa e agora era bolchevique; outros, convencidos de que Deus morrera de velhice ou então a Humanidade Lhe não interessava, como Lhe não interessaria o sofrimento dos vermes nas estrumeiras, atacavam azedamente beatos e beatas, padralhada, como se a fé dos outros os incomodasse tanto como a sua descrença ofendia os fiéis que na missa oravam pela sua conversão.Imagem: João Alfaro, proposta para a contracapa do romance.
Sem comentários:
Enviar um comentário