Pelo jeito, parece que o PS se prepara para ser oposição -- atitude sensata, já que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe. Ouvi Francisco Assis arengar brilhantemente durante uns minutos -- para mais, falta a paciência -- sobre a importância dos valores de esquerda e o papel dos partidos socialistas na construção do bem-estar social e na evolução social da Europa e de Portugal. Só que Assis não é economista, ou saberia que não há almoços grátis. A prosperidade a que ele se refere, de que ainda gozamos aliás, fez-se à custa do Terceiro Mundo, escravizando-o, explorando-o, pilhando-o. Ainda hoje, a população desses países não é dona nem senhora das suas riquezas naturais -- petróleo, gás natural, produtos agrícolas, droga, prostituição até, pelo que dos rendimentos produzidos poucas migalhas recebe. E a população, já mais ou menos convertida ao American Way of Life, que primeiro contagiou a Europa, quer também o tal estado social, carros, férias, gadgets.
A nós, falta-nos o emprego com a deslocalizacão de fábricas, sobretudo o pouco qualificado -- e aquele que existe é disputado com os imigrantes que importamos. Falta-nos o capital, que arribou a novos paraísos onde a mão-de-obra é barata, os direitos dos trabalhadores inexistentes, o meio ambiente para poluir livremente, a corrupção lei, o potencial de crescimento consumista explosivo.
Deveríamos perceber que o modo de vida actual é insustentável porque sempre se baseou na exploração de uns povos por outros e com a globalização o peso da ignorância como forma de perpetuar a escravização diminuiu. Eles, os chineses, os indianos, os filipinos, os sul americanos, os africanos, têm os olhos mais abertos. Sabem que "...os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos, mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande" (Vieira). E cansaram-se uns, começam a dar sinais de cansaço outros -- de ser pasto de tubarão.
Deveríamos voltar a produzir a parte possível daquilo que comemos (e não faltam campos ao abandono), queimar calorias no saudável trabalho físico e não apenas em ginásio, gastar cá dentro e naquilo que produzimos o nosso dinheiro... (Estas coisas penso eu, “que falo, humilde, baxo e rudo, / De vós não conhecido nem sonhado).
E mais não acrescento, que tenho as batatas para arrancar, o post vai já longo e faltam-me qualificações – essas qualificações que legitimam as remunerações escandalosas das cabeças geniais que arruinaram deliberadamente a agricultura, a indústria, a produção nacional e nos conduziram ao ponto em que nos encontramos: às sopas da mãe CEE.
A nós, falta-nos o emprego com a deslocalizacão de fábricas, sobretudo o pouco qualificado -- e aquele que existe é disputado com os imigrantes que importamos. Falta-nos o capital, que arribou a novos paraísos onde a mão-de-obra é barata, os direitos dos trabalhadores inexistentes, o meio ambiente para poluir livremente, a corrupção lei, o potencial de crescimento consumista explosivo.
Deveríamos perceber que o modo de vida actual é insustentável porque sempre se baseou na exploração de uns povos por outros e com a globalização o peso da ignorância como forma de perpetuar a escravização diminuiu. Eles, os chineses, os indianos, os filipinos, os sul americanos, os africanos, têm os olhos mais abertos. Sabem que "...os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos, mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande" (Vieira). E cansaram-se uns, começam a dar sinais de cansaço outros -- de ser pasto de tubarão.
Deveríamos voltar a produzir a parte possível daquilo que comemos (e não faltam campos ao abandono), queimar calorias no saudável trabalho físico e não apenas em ginásio, gastar cá dentro e naquilo que produzimos o nosso dinheiro... (Estas coisas penso eu, “que falo, humilde, baxo e rudo, / De vós não conhecido nem sonhado).
E mais não acrescento, que tenho as batatas para arrancar, o post vai já longo e faltam-me qualificações – essas qualificações que legitimam as remunerações escandalosas das cabeças geniais que arruinaram deliberadamente a agricultura, a indústria, a produção nacional e nos conduziram ao ponto em que nos encontramos: às sopas da mãe CEE.
Quanto ao discurso de Assis, parece choraminguice de carpideira no funeral do ideal socialista, construído como alternativa a esse espectro que ameaçou a Europa durante quase um século -- o comunismo. O brilhantismo das suas palavras só me faz recordar Piaf e Les mots d’amour:
Je dis des mots
Parce que des mots,
Il y en a tant
Qu'il y en a trop...
Parce que des mots,
Il y en a tant
Qu'il y en a trop...
(FOTOS: clicar para ampliar)
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