Exasperado com tanta recomendação, o automobilista encosta bruscamente à berma, leva as mãos à cabeça e ousa perguntar à mulher:
-- Afinal quem é que vai a guiar? Tu ou a tua mãe?
Assim estou eu: afinal quem é que vai a guiar este país (para o abismo, presumo) sob o olhar conformado do "governo"? A OCDE e o seu secretário abelhudo, o Banco Central Europeu, a UE, a senhora Merkel...?
E o homem do leme, que as más línguas insinuavam nunca ter dúvidas e raramente se enganar, está agora seguro do rumo a seguir nesta navegação à vista? Não terá sido no seu tempo que se apregoava haver gente a mais no campo, sendo urgente esvaziá-lo para termos percentagem de agricultores semelhante à dos membros da CEE? Que os campos, por força disto e das PACs, ficaram ao abandono, enquanto um ministro da Agricultura confessava impunemente que achava bem 10% dos agricultores receberem 90% dos fundos, porque era um daqueles que os recebiam? Não foi ele, que no seu estilo sibilino, protestou timidamente contra o esbanjamento dos fundos comunitários em "despesas sumptuárias"? Não foi no consulado daquele que agora vê no mar uma saída para a crise (cá para mim, é onde os credores nos afundarão) que se abateu a frota pesqueira? (Et caetera, et caetera, correndo embora o risco, por falhas de memória, de confundir os trastes da caterva.)
Agora, após tantos desmandos desculpabilizados, consentidos, legitimados, porque a lei os não criminalizava (e quem faz as leis, quem é?), ficamos a saber que o "governo soberano da república" (tanta treta num único lugar-comum!) tem a liberdade de decidir se me baixa o salário ou me cobra mais impostos -- embora eu receie que, na dúvida, faça as duas coisas.
(Declaração de interesses: não me pronuncio ainda sobre as oposições, tantas vezes representadas por engraçadinhos e espirituosas, a fazer uns números de humor para as televisões.)
ADENDA: devo ser bruxo.
ADENDA: devo ser bruxo.
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